De Rafael Ferreira

Em 1946, dois artistas lendários começaram a colaboração de um curta. Mais de meio século depois, sua criação finalmente foi completada. Completada e pouco conhecida, embora tenha sido indicado ao Oscar em 2004, aquele ano em que O Senhor Dos Anéis – O Retorno Do Rei fez um limpa nas estatuetas.

Como a introdução do curta mostra, o projeto começou a ser desenvolvido em 1946, em uma parceria entre Walter Elias Disney e Salvador Dalí (sim, os dois eram amigos), como um segmento do filme Música, Maestro! (1946). Para aqueles que não conhecem este filme, Música, Maestro! é basicamente uma recriação de Fantasia (1940), uma compilação de vários curtas com acompanhamento musical, com a diferença de que no filme de 1946 as músicas não são composições clássicas, e vários segmentos deste filme foram criados para serem usados em Fantasia. O projeto, com apenas 15 segundos de animação completadas, fora engavetado. Cogitou-se a inserção na sequência Fantasia 2000 (1999), como a anfitriã Bette Midler confirma.

Após o lançamento de Fantasia 2000, Roy E. Disney se sentiu no dever de reiniciar a produção, colocando Dominique Monfery para encabeçar a produção franco- americana, que realizou um trabalho de detetive, juntando todas as informações e esboços que Dalí havia criado para este filme. A obra Destino foi concluída em 2003, e como podemos ver, carrega o estilo do pintor surrealista.

O curta é uma história de amor em que uma bailarina e um jogador de baseball, representado pelo Deus Cronos da mitologia grega, são separados por certas circunstâncias. O tempo, representado pelo relógio na pirâmide de pedra, surge como um oponente, que determina o destino do romance, agarra o homem e impede que este prossiga em sua jornada em busca de sua amada. Esta, por sua vez, é constantemente levada para longe de seu par, quando este parece estar em seu alcance.

Destino é um deleite para os fãs de Dalí. Em outras palavras, Destino é o que as obras de Dalí seriam se pudessem se mexer.

 Segue a tradução da música Destino, de Armando Domínguez:

“Leia na palma da minha mão

A linha de minha propriedade e minhas tristezas,

E nunca, nunca me disse

Meu destino do amor.

Ai! Vida, ai!

Por que o destino negro,

Quão difícil o caminho e eu tenho que ir.

Destino, se soubesse como esquecer,

Por favor, volte para adorar,

Eu não posso esquecer.

Caro, soube-me roubar,

Cruel destino, punhal mortal.

Destino, volte ao meu lado,

Eu chorei por ambos

Por esse amor ingrato.”

 

Assista ao curta-metragem:

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