Illegalist, de Penny Lam, que além de cineasta é diretor do Festival Internacional de Documentários de Macau, conta a história de dois chineses que são imigrantes ilegais na cidade de Macau. Ele trabalha numa construtora, ela acaba por se prostituir.

A obra do diretor Macauense traz um grande panorama dessa questão tão urgente naquela região. O diretor, que estudou documentário em Londres, consegue mesclar a visceralidade do tema com uma linguagem estética refinada. O fato da obra ser em preto e branco traz um grande tom melodramático à obra, junto as atuações dos atores e a câmera sempre atenta as ações e conflitos da obra, conseguimos entrar diretamente na história e sofrer de ansiedade junto com os personagens. Os dois dividem uma beliche, o dinheiro é curto, e o maior problema é que quanto mais demoram para sair da cidade, mais a multa do visto ilegal aumenta, chega a valores absurdos, o que apenas atrapalha e acarreta a não saída desses imigrantes ilegais.

Mesmo com temáticas diferentes e uma outra dinâmica, o filme me fez relembrar de sentimentos parecidos que tive a quando assisti a obra do chinês Wong-Kar Wai, neste último a ansiedade e estresse por conta do amor e de relações conturbadas, na obra de Lam, essa angústia por conta da não legalidade da permanência desses imigrantes.

Um curta visualmente lindo, uma obra com várias faces da tristeza e angústia de ser um imigrante ilegal. Vale à pena também lembrar da música original do filme, que consegue evocar vários sentimentos de forma calma e leve.

*esta crítica faz parte da cobertura do Cinemascope no Indie Lisboa – Festival Internacional de Cinema de Lisboa

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