O que mais move o ser humano: sexo, dinheiro ou poder?

Em Vibrato, exibido no 28º Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo, somos colocados diante uma senhora que está há seis meses em estado de luto pela morte de seu companheiro. Ao conversar com uma colega na frente do túmulo do falecido, ela relembra como era viver os momentos mais íntimos com ele.

O cineasta Sébastien Laudenbach, que já ganhou o prêmio especial do júri em Annecy, o maior festival de animação do mundo, com A Menina sem Mãos, traz novamente à tona sua técnica, que se assemelha a uma mistura de aquarela com canetinhas. A obra apresenta discretamente uma senhora conversando com outra mais nova, até que de repente, todo o universo de Vibrato ganha vida e vai se transformando em uma ópera do sexo.

A protagonista demonstra seu luto de forma irônica e calma quando relembra tudo o que passou. “Minhas lágrimas são contentes”, diz. Sem figuras obscenas ou algo semelhante, o trabalho com a luz e as sensações apresentadas são diretamente expressas na tela. Com gotículas de água subindo pelas paredes, é feito um convite a sentir poeticamente tudo o que essa reservada madame passou em seus tempos mais áureos.

O sexo sai do corpo humano, vai possuindo e contaminando todo o universo da obra. Desde os instrumentos musicais até a arquitetura, tudo transparece a impressão da protagonista que, no momento, só pode relembrar esses sentimentos e nos transportar por suas memórias.

A trilha sonora tem participação da Ópera Nacional de Paris e, assim como uma das frases da madame, “não é o templo de Apolo que meu marido desenhou, mas sim o de cupido”, o curta transpassa não somente por meio da imagem os prazeres sexuais, mas também por meio do canto lírico ritmicamente colocado. Ao contrário de Apolo, que era considerado o Deus da purificação, o qual fazia os homens conscientes de seus pecados, a protagonista relembra o seu amor por seu marido da forma de Afrodite. Através de lembranças carnais, mas, ainda assim, de amor.

Vibrato expressa poeticamente a alegria de uma relação sexual com amor. Com risos, cantos e muitas cores, o curta francês relembra o sentimento de um desejo apaixonado que foi correspondido.

Assista ao curta: