Por Sttela Vasco

Contos de fadas são uma aposta constante do cinema e de tempos em tempos surgem as mais diversas adaptações. A Bela e a Fera (La Belle et La Bette), de Christophe Gans, conta a história já conhecida por muitos de uma maneira um pouco mais madura. Com belos cenários e figurinos, o longa é uma boa opção para quem gosta de clássicos e um pouco de fantasia.

Em 1810 um naufrágio leva à falência um comerciante e sua família. Ele e seus seis filhos se mudam, então, para o campo. Após ser chamado para resgatar uma mercadoria perdida, o pai se perde e acaba por encontrar um castelo encantado. Lá, ele conhece a Fera (Vicent Cassel) e se vê entre a vida e a morte. Para salvar o pai, Bela (Léa Seydoux) se oferece para viver com o monstro. A partir daí, ela começa a desvendar os mistérios daquele lugar e seu dono.

Quem espera que esta versão francesa de A Bela e a Fera seja parecida com a animação feita pela Disney em 1991, ficará surpreso. O longa é mais fiel ao conto de Gabrielle-Suzanne Barbot e nos traz uma nova perspectiva sobre os personagens. Dessa vez, temos uma Bela de fibra, que chega a soar maldosa em alguns momentos e que é mais do que uma jovem doce e humilde. Suas qualidades, tão conhecidas pelo público, continuam presentes, mas temos aqui uma personagem mais madura e extremamente real.

Léa Seydoux – que muitos talvez tenham conhecido após o ótimo Azul é a Cor mais Quente – está muito bem no papel da garota camponesa que troca de lugar com o pai e vai viver em um castelo encantado cujo dono é uma fera. O ponto alto da composição desta Bela é que ela não deixa bondade ou delicadeza se tornar sinônimo de resignação. Ela ataca a Fera quando se sente ameaça, não tenta ser benevolente com ele e não finge que a situação a qual foi forçada a viver é normal. Para conquistar essa Bela, a Fera precisa de muito mais insistência.

A insistência, aliás, não é o único ponto de destaque da Fera. Se em muitos longas ele é retratado como um homem atormentado ou solitário por conta de sua maldição, neste temos uma melhor noção de seu caráter ainda como ser humano. Possessivo e, em dados momentos, rude, ele não é o tipo de personagem que encanta logo de início. Como príncipe, sua personalidade arrogante e um tanto egocêntrica não nos faz sentir nem compaixão por ele no começo. É preciso avançar na história um pouco mais para que tal sentimento comece a ser despertado e o personagem comece a gerar certa simpatia.

Vincent Cassel, apesar de construir uma Fera interessante, não convence tanto. Os efeitos especiais, bem finalizados, têm uma qualidade que oscila. Ora são impecáveis, ora falham. Para os mais detalhistas, a Fera digital talvez não convença tanto em alguns momentos, mas não chega a ser um incômodo.

O longa tem um ótimo figurino e fotografia, porém, incomoda um pouco em seus cortes. Em dado momento, as coisas parecem acontecer rápido demais e alguns personagens, eventualmente, parecem ser deixados de lado pelo roteiro. No entanto, a forma como o roteiro é conduzida – mesclando fantasia com realidade – compensa as falhas.

A delicadeza e beleza da história, unidas ao charme natural que os filmes franceses parecem evocar conseguem entreter o espectador e certamente farão com que o longa chame a atenção. Uma perda, talvez, seja o fato de que o filme, muito certamente, só será distribuído em versão dublada o que pode fazer com que alguns diálogos percam a essência. Em português, Paolla Oliveira é quem fará a voz de Bela e, pessoalmente, preferia ouvir a Léa.

 

Cinemascope - A bela e a fera posterA Bela e a Fera (La Belle et la Bête)

Ano: 2014

Direção: Christophe Gans

Roteiro: Christophe Gans, Sandra Vo-Anh.

Elenco principal: Vincent Cassel, Léa Seydoux, André Dussollier.

Gênero: Fantasia; Romance

Nacionalidade: França; Alemanha.

 

 

 

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