Por Jenilson Rodrigues

Mesmo tendo sido lançado nos Estados Unidos em 2011, somente agora chega aos cinemas brasileiros o longa de estreia do diretor Jim Kohlberg. Somos transportados para o ano de 1986 com suas roupas simples, pouca maquiagem e figurinos pouco detalhistas. Henry Sawyer (J. K. Simmons) reencontra seu filho Gabriel (Lou Taylor Pucci) após um longo período de afastamento provocado por um desentendimento entre ambos. O problema é que Gabriel agora sofre de um tumor que destruiu parte de seu cérebro responsável por guardar novas memórias. Ele precisa sempre ser estimulado por lembranças antigas para que possa estabelecer algum tipo de comunicação com quem quer que seja. Henry então busca ajuda recorrendo a musicoterapia e uma especialista do gênero – Dianne Daley (Julia Ormond) – resolve tentar reconectar Gabriel com o mundo atual através das músicas pelas quais ele sempre foi apaixonado.

O grande trunfo de A Música Nunca Parou é conseguir unir uma trilha sonora incrível – canções de Bob Dylan, Beatles, Grateful Dead e vários outros artistas principalmente da década de 1950 e 1960 – ao roteiro bem elaborado e cuidadosamente planejado para não deixar que em nenhum momento o drama da família de Gabriel se sobressaia perante a magnitude das canções. Nos momentos em que as músicas são executadas os protagonistas interagem com as letras e buscam tentar transmitir a mensagem passada por seus intérpretes. É como se o jovem despertasse de um sono profundo e só fosse trazido de volta graças aos acordes mágicos dessas melodias. Em alguns momentos tudo soa como um conto de fadas, uma história deslumbrante onde universos fantasiosos são substituídos pela viagem sonora que acontece dentro da mente de Gabriel.

Outra questão interessante abordada no longa é a relação familiar nos anos 1960, como pais e filhos de famílias norte americanas lidavam com as transformações do mundo diante da guerra, da revolução musical e do uso de drogas. Principalmente para as famílias mais conservadoras, era difícil estabelecer um diálogo entre pais e filhos sem deixar de lado a superproteção por parte dos genitores e a ousadia e a utopia da juventude típicas de seus descendentes. Mesmo ambientado em 1986, o filme proporciona – graças ao seu roteiro não linear – uma passagem por outras décadas e por outros momentos da vida de seus protagonistas.

A Música Nunca Parou é uma produção extraordinária que nos mostra que na música não existe gênero, não existe preconceito e que ela pode, sim, transformar as pessoas por completo, basta se deixar levar pelos acordes que invadem seus ouvidos, fazendo uma revolução em seu pensamento e mudando sua forma de enxergar a vida e o mundo.

O filme também já figurou no Cinemascope em 2013 em um de nossos especiais #5+1 Homenagem aos Músicos.

Cinemascope - A Música Nunca Parou posterAno: 2011

Diretor: Jim Kohlberg

Roteiro: Gary Marks, Gwyn Lurie, Oliver Sucks.

Elenco Principal: J. K. Simmons, Lou Taylor Pucci, Julia Ormond, Cara Seymour.

Gênero: Drama

Nacionalidade: EUA

 

 

 

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