Por Cleiton Lopes

Texas. Dois irmãos, Tanner Howard (Ben Foster) e Toby Howard (Chris Pine) iniciam uma série de assaltos pelo estado. Para tentar identificar e prender os bandidos é escalado o xerife Marcus Hamilton (Jeff Bridges) que está em sua última missão antes de sua aposentadoria. Essa é a história de A Qualquer Custo (Hell or High Water, 2016).

A premissa é bem básica. Bastante parecida com muitos filmes de ação e Western que já vimos por aí. O diferencial aqui é que ele se passa no século XXI e, ao invés de cavalos, temos carros tocando música Country. Os personagens também são conhecidos. Uma dupla de assaltantes formada por um calmo e que não pretende machucar ninguém e um esquentado, que precisa ser controlado a todo momento para que as coisas não saiam do eixo. Como “homem da lei”, temos um xerife experiente e que é quase capaz de prever os movimentos dos dois e está prestes a aposentar e quer fazer isso de forma digna.

Interessante é que o filme não subestima a inteligência do espectador e sua capacidade de identificar características do gênero. Como forma de demonstrar isso, a toda hora são usados estereótipos do gênero faroeste nas falas dos personagens. Como se o diretor nos dissesse através deles que tem plena consciência do que está fazendo e do universo que está trabalhando. Diversas vezes são citadas referencias à índios e mexicanos que sempre eram antagonistas dos clássicos de faroeste. Em um determinado momento a dupla assalta um banco e um dos caixas do mesmo olha para eles e diz: “Vocês estão assaltando mas nem são mexicanos?”. Referencias à índios e a perda de suas terras também estão contantes no filme. Além é claro, de Chapéus de Cowboy, fivela e blusas xadrez.

O verdadeiro vilão aqui são os bancos. O filme se passa num período pós crise em que muitos das cidades que a dupla passa estão sem dinheiro ou falidas. Os bandidos tem noção disso e só levam dinheiro do banco que são considerados os principais culpados inclusive das suas próprias tragédias. Isso faz com que muitas pessoas, a maioria delas, os apoiem dizendo coisas como “Eles só estão roubando dos que nos roubaram durante 30 anos”. Além disso, os cidadãos chegam até a se recusarem a dar informações sobre os dois para complicar a investigação. Mas os dois também esbarram em uma região em que as armas de fogo são liberadas e tem de se livrar de uma população que tenta fazer justiça com as próprias mãos.

É interessante um traço de um mundo globalizado do século XXI no personagem de Alberto Parker (Gil Birmingham) que é o parceiro do Xerife. Ele é metade índio, metade mexicano e católico. Ele é constantemente vítima das piadas de seu parceiro e que é uma das principais referencias à clássicos do velho oeste.

O melhor, é que tudo isso flui de forma sutil. Nada de diálogos inspiradores e discursos heroicos. A ideia aqui é de que tudo pareça natural. A princípio, o filme se mostra explicativo demais, mas aos poucos as coisas fluem naturalmente. Mas o objetivo parece ser já mostrar o conflito logo nos primeiros 20 minutos para que nos concentremos apenas no desenrolar da trama. E, durante seu percurso, que vamos descobrindo os reais motivos dos assaltos. Em algumas sinopses por aí, tem mais detalhes da trama mas acho mais interessante a descoberta ser durante o filme. Quanto ao Oscar de melhor filme acho que não é pra tanto.

A Qualquer Custo posterA Qualquer Custo (Hell or High Water)

Ano: 2016

Direção: David Mackenzie

Roteiro: Taylor Sheridan

Elenco principal: Chris Pine, Ben Foster, Jeff Bridges

Gênero: Ação, Crime, Drama, Western

Nacionalidade: EUA

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