Por Kadu Silva
(Particpação especial do Ccine10)

 

Será que apenas um bom elenco e uma ideia interessante são capazes de resultar em um grande filme? Isso depende de vários fatores, mas é inegável que tal fato ajuda a deixar algo que não seja perfeito, ao menos agradável, é exatamente o que acontece com Amigos Inseparáveis. O filme apresenta uma história sobre as dificuldades de se envelhecer dignamente de forma bem original, mas por não acertar no desenvolvimento da trama, pode perder no envolvimento com a plateia.

O longa mostra Val (Al Pacino), um homem que acaba de sair da prisão após 28 anos e na saída encontra com seu único e velho amigo, Doc (Christopher Walken). Doc então o leva para sua casa a fim de dar um pouco de carinho e aconchego. Mas Doc está sendo pressionado por um antigo desafeto de Val a matá-lo, e é então que o filme encontra seu principal conflito que vai acompanhar os personagens até o desfecho da trama.O roteiro é do estreante Noah Haidle, nele conseguimos com grande acerto conhecer bem esses dois homens que na verdade só querem viver seus últimos dias em paz. O roteiro a todo o momento demonstra que seu foco é a solidão. Solidão que a velhice inevitavelmente por vezes traz para muitas pessoas, ou seja, é uma história sensível sobre as marcas do tempo.

Mas o que sustenta o longa diante do desequilíbrio do roteiro são as atuações inspiradíssimas do elenco, que transformam uma trama lenta e cansativa em algo realmente tocante. O trio Al Pacino, Christopher Walken e Alan Arkin são o alicerce para a narrativa fluir.

O inexperiente diretor Fisher Stevens demonstra segurança em sua condução, mas fica evidente que a longa carreira dos protagonistas foi fundamental para o acerto de várias sequências. Até em cenas de diálogos monótonos, eles demonstram segurança para um trabalho eficiente de improvisação, deixando algumas tomadas mais divertidas ou emocionantes.

Vemos o quanto Stevens demonstra estilo na direção e as ruas desertas na madrugada de Los Angeles se tornam quase um personagem para a trama. Não há ninguém, praticamente só os atores que vagam pelas ruas escuras em busca de aproveitar o que talvez seja o último dia de suas vidas, essa escolha reforça a solidão, já citada anteriormente. E nesse contexto tem-se espaço para reflexão sobre a vida, a morte, amizade e assim por diante.

Esse tom mais intimista é o grande acerto do filme que erra exatamente em ser vendido como comédia, sem ao menos ter alguma cena de fato cômica, há o tragicômico, por exemplo, quando Val ao ver que não consegue a ereção natural toma um vidro de estimulante e acaba no hospital, mas até essas cenas não são remetidas ao escracho, elas demonstram o quanto o tempo é duro com o nosso corpo, sendo direcionadas a um tom mais dramático.

Já as cenas de ação, que são poucas, aparecem mais no terceiro ato, quando de fato os personagens precisam definir que rumo tomar na encruzilhada em que estão, é também o momento em que Alan Arkin se junta à dupla. Essas cenas aparecem como uma forma de trazer as lembranças de bons momentos do passado que viveram e não de fato como adrenalina para a trama, isso fica evidente pela trilha incidente.

 

Amigos Inseparaveis (5)Amigos Inseparáveis (Stand Up Guys)

Ano: 2012

Diretor: Fisher Stevens.

Roteiro: Noah Haidle.

Elenco Principal: Al Pacino, Christopher Walken, Alan Arkin, Julliana Margulies, Mark Margolis.

Gênero: Comédia.

Nacionalidade: EUA.

 

 

 

Veja o trailer:

Galeria de Fotos: