Lá em 2013, quando foi lançado, Frozen: Uma Aventura Congelante se tornou um sucesso de proporções gigantescas. Arrecadou quase 1,30 bilhão de dólares, se tornando o filme de maior bilheteria do ano, e sua canção principal,  Let It Go, ainda é o pesadelo – e a paixão – de muita gente. Logo, uma continuação era mais do que esperada, afinal, sabemos que a Disney não perde a chance de lucrar em cima de um filão desses. Com a árdua tarefa de superar seu próprio sucesso, a dupla de compositores Kristen Anderson-Lopez e Robert Lopez, que levou o Oscar de Melhor Canção Original em 2014 por Let It Go, volta à parceria com os diretores Jennifer Lee e Chris Buck na busca de mais um fenômeno do estúdio.

Após dois curtas (Frozen: Febre Congelante e Olaf Em Uma Aventura Congelante de Frozen),  a sequência finalmente chegou – para a alegria de uns e decepção de outros. Dessa vez, acompanhamos Elsa (Idina Menzel), Anna (Kristen Bell), Olaf (Josh Gad), Kristoff (Jonathan Groff) e a rena Sven três anos após os acontecimentos do primeiro filme. Sentindo-se deslocada e ouvindo uma voz misteriosa, Elsa conduz a irmã e os amigos em uma jornada por dentro de uma floresta encantada com o intuito de descobrir a verdade sobre si mesma e sobre o passado de Arendelle.

A ideia em si é interessante: Elsa deseja saber de onde vêm seus poderes e encontrar seu lugar no mundo. No entanto, a execução é um pouco mais atrapalhada. Talvez seja por termos visto uma rainha confortável e feliz com sua posição em Arendelle ao final de Frozen e nos dois curtas mencionados, mas a sensação de que ela não pertence ao reino fica um pouco deslocada. No entanto, não precisa de muito tempo para que compreendamos que o enredo seguirá nessa direção.

É interessante observar a dinâmica familiar e o amadurecimento das personagens, especialmente de Anna. Sempre preocupada com a irmã mais velha, ela faz de tudo para proteger Elsa. Inclusive, a importância da relação e do amor entre as duas é o vínculo mais forte da sequência com seu predecessor. Anna não pensa duas vezes em largar tudo para acompanhar a rainha e Elsa não esconde a gratidão que tem pela caçula.

Porém, se tal traço – que, inclusive, foi um dos grandes responsáveis por fazer da animação o sucesso que foi – segue presente, algumas coisas parecem mal exploradas. Toda a história dos pais de Anna e Elsa, o passado de Arendelle e a maneira como isso impactou o povo que vive na floresta parece ser retratado rápido demais, até mesmo nas canções. As aventuras parecem um tanto atropeladas e por vezes se tem a impressão de que o filme não sabe muito bem para onde ir. Há de se convir que Frozen II é um filme muito mais voltado ao público infantil do que o primeiro. O tom fantasioso está mais forte do que nunca e as canções se fazem muito mais presentes.

Falando em canções, existe um momento bastante constrangedor envolvendo uma delas, quando Kristoff chora suas pitangas por ter sido deixado para trás por Anna, que mal lembra do rapaz ao seguir Elsa. A ideia é bastante clara, fazer uma referência aos clipes de boyband dos anos 80/90. Porém, mais uma vez, a execução é embaraçosa. Não sei quanto tempo a canção dura, mas sei que durante toda ela eu queria me enfiar na poltrona de tanta vergonha alheia. Ao contrário do primeiro, o longa parece tentar rechear mais a história com canções que por vezes soam excessivas (como o exemplo acima).

A impressão é que tentaram reprisar a fórmula do primeiro (cada personagem com uma canção, remetendo levemente àquela cantada no anterior e abordando algum tema relacionado a encontrar seu lugar no mundo, amadurecer, etc). Em alguns casos, como em The Next Right Thing, isso funciona, mas em outros nem tanto.

Não é à toa que o longa não foi indicado como Melhor Animação no Oscar de 2020. Com uma vaga suada em Melhor Canção Original pela muito boa Into The Unknown, imagino que tenha sido um grande choque para a Disney ver que somente Toy Story 4 (muito bom, diga-se de passagem, e com um histórico de boas continuações) conseguiu chegar à premiação.

A evolução gráfica é visível e as vestimentas das personagens, com novas cores e texturas, realmente agradam. No entanto, nem ao menos isso tira a impressão de que essa foi uma continuação que não era necessária. Claro que o estúdio não perderia a chance de lançá-la no cinema e agradar aos fãs, porém, muito de  Frozen II me remeteu à continuações como  Mulan II ou Lilo e Stitch 2. Bonitinhas e emocionantes, mas ótimas para serem lançadas na televisão.

 

 

Frozen II

Frozen II

Ano: 2019
Direção: Jennifer Lee, Chris Buck
Roteiro: Jennifer Lee
Elenco principal: Idina Menzel, Kristen Bell, Jonathan Groff, Josh Gad
Gênero: ​Animação, Aventura, Comédia
Nacionalidade: EUA

Avaliação Geral: Avaliação Geral