Felipe Teixeira

Jovens, Loucos e Mais Rebeldes é o despretensioso novo acerto de Richard Linklater

É cada vez mais admirável a capacidade do roteirista e diretor Richard Linklater em criar histórias comuns e transpô-las de modo tão natural ao cinema. Seja na fabulosa trilogia Antes do Amanhecer, Antes do Pôr do Sol e Antes da Meia-Noite, ou no fantástico Boyhood: Da Infância à Juventude, o americano cinco vezes indicado ao Oscar consegue apresentar histórias que se desenrolam sem grandes reviravoltas ou que não atingem um clímax catártico, mas que funcionam pela fluidez de seus diálogos e pelo carisma dos personagens. Seguindo a linha destas produções, Jovens, Loucos e Mais Rebeldes, que está sendo exibido pelo Festival do Rio e entra em cartaz hoje (13/10) é uma despretensiosa história sobre uma fase de nossas vidas.

Ambientado nos anos 1980, o longa-metragem funciona, segundo o próprio Linklater, como uma continuação indireta de Jovens, Loucos e Rebeldes (1993), outra marcante produção do diretor que se passava nos anos 1970. Apesar de não terem nenhum personagem em comum, ambos os filmes tem a mesma proposta, mas em décadas diferentes: apresentar jovens curtindo a vida. Desta vez, a trama é centrada em um time de baseball que está a poucos dias  de começar o ano letivo na faculdade e tenta aproveitar ao máximo o tempo de folga que lhe resta.

Composto por um elenco vasto, talentoso, mas desconhecido do grande público, o filme é hábil em distribuir momentos de destaque para os inúmeros jovens personagens repletos de ideologias, sonhos, e do insaciável desejo pelo carpe diem.  Jake (Blake Jenner) quer se enturmar e paquerar Beverly (Zooey Deutch); Jay (Juston Street) é o valentão do grupo e quer se provar o melhor em tudo; McReynolds é um narcisista e garanhão das festas; enquanto Glen Powell vive Finnegan, o pseudo cult do time. O roteiro é um desfile de situações cotidianas em que os personagens interagem em bares, festas e vestiários e expõe suas virtudes e idiossincrasias, como na cena que envolve uma partida de ping-pong caseira, seguida por uma que os jovens chapados em um quarto tentam fazer telepatia.

O caprichado design de produção e uma nostálgica trilha sonora com Van Halen, Queen, Blondie e Dire Straits recriam com precisão a atmosfera dos anos 1980 enquanto as histórias da trama se desenrolam com naturalidade. Não tão divertido como suas outras obras, mas ainda assim contagiante, Jovens, Loucos e Mais Rebeldes é mais um bom adendo ao autoral currículo de Linklater, e o plano final do filme é daqueles para sair do cinema com um grande apreço pelos anos da juventude.

jovens6 Jovens, Loucos e Mais Rebeldes (Everybody Wants Some!!)

Ano: 2016

Direção: Richard Linklater

Elenco: Blake Jenner, Tyler Hoechlin, Ryaz Guzman, Zoey Deutch

Gênero: Comédia

Nacionalidade: Estados Unidos

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