Por Luciana Ramos

Marc (Mathieu Amalric; O Escafandro e a Borboleta) é um professor de literatura universitário que gosta de envolver-se com as alunas como passatempo. Porém, com o desaparecimento de uma delas, a recorrências dos seus deslizes o transformam no principal suspeito do crime. Poucos dias após o fato, ele conhece a mãe da garota, Anna (Maïwenn), com quem se envolve, mesmo consciente dos potenciais riscos.

Somam-se a ela as investidas de uma aluna sua, Annie (Sara Forestier) e a complexa relação que tem com sua irmã Marianne (Karin Viard), com quem mora. Conforme a investigação avança, os envolvimentos tornam-se cada vez mais conflitantes e Marc deve lutar em resistir às tentações e esquivar-se das suspeitas que pairam sobre ele.

O tom do filme diferencia-o de outros do gênero, já que o seu foco é o delineamento gradual dos personagens, das suas motivações, fraquezas e principalmente, do que cada um deles revela-se capaz de fazer. É, portanto, um estudo de caráter e funciona como tal. Em especial, a subtrama que aborda o relacionamento regado por ciúmes dos irmãos Marc e Marianne é interessante e bem fundamentada. De modo geral, fica claro desde o começo que a incapacidade em conter os impulsos ou relacionar-se com as mulheres de forma sadia invariavelmente levará o protagonista a enfrentar consequências indesejadas.

Por outro lado, o aspecto investigativo do filme deixa muito a desejar; são poucas as cenas que de fato revelam mais sobre a investigação, que fica em segundo plano. Assim, falha em causar tensão e expectativa quanto à sua resolução.

Há, por parte dos diretores Arnaud e Jean-Marie Larrieu, uma preocupação estética bastante clara. A alternância de planos abertos e fechados guia o olhar do espectador para o que é importante em cada cena. Ademais, a escolha do isolamento das montanhas enquanto locação é interessante por, de certa forma, refletir o estado psicológico do personagem. Marc é muitas vezes enquadrado de modo a misturar-se à névoa branca, uma maneira sutil e eficaz de representar o seu estado mental, frente ao processo de autodescobrimento que ele passa.

Apesar de reviravoltas desnecessárias ao final que tiram um pouco de brilho do filme, O amor é um crime perfeito, que participou do Festival Varilux de Cinema Francês, é interessante por revelar aos poucos tanto da trama principal quanto dos personagens. O tratamento subjetivo e sutil é reforçado pelas belas paisagens nevadas que escondem segredos não só sobre o passado do protagonista como também o seu destino.

 

Cinemascope-o-amor-é-um-crime-perfeito (1)O Amor É Um Crime Perfeito  (L’amour est un crime parfait)

Ano: 2013

Diretor: Arnaud Larrieu, Jean-Marrie Larrieu

Roteiro: Arnaud Larrieu, Jean-Marrie Larrieu, Philippe Dijan

Elenco Principal: Mathieu Amalric, Karin Viard, Maïwenn, Sara Forestier

Gênero: Suspense, Drama

Nacionalidade: França, Suíça

 

 

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