Por Silas Mendes

Depois de Prometheus, Ridley Scott (Blade Runner, Alien) retorna com O Conselheiro do Crime, thriller que conta a história de um advogado de criminosos que decide participar de um negócio envolvendo tráfico de drogas, algo dá errado e ele deve lidar com as consequências. O filme é uma homenagem ao irmão de Ridley, o também diretor Tony Scott, conhecido pelo sucesso oitentista Top Gun Ases Indomáveis, que cometeu suicídio em 19 de agosto do ano passado.

Geralmente, alguns trailers acabam por nos passar a ideia errada sobre a história que iremos ver, as vezes intencionalmente – na tentativa de vender algo que os produtores sabem que será um fracasso – e as vezes acidentalmente – já que ninguém tem controle sobre como irá soar uma série de cenas picotadas, postas uma ao lado da outra fora de contexto – o que pode gerar surpresas, boas ou ruins, durante a projeção.

O mesmo acontece com O Conselheiro do Crime. No entanto, seu trailer é fiel sobre o que veremos no que diz respeito a história, drogas, luxo, violência, ganância, entre outras coisas, mas seu trailer nos apresenta personagens diversas, interpretadas por um elenco de talento inegável, nos apresenta a ideia de uma trama visceral, com personagens excêntricos, com uma ou outra reviravolta de te tirar da cadeira, envolvendo o trafico de drogas na zona fronteiriça entre Texas e Juarez, México.

E o que é que de fato vemos no longa é uma composição visual incrível por parte de Ridley Scott e um elenco que carrega nas costas o peso do maior e terrível defeito do projeto, o roteiro “qualquer-coisa” de Cormac McCarthy.

Autor do livro que deu origem ao excepcional Onde Os Fracos Não Tem Vez, McCarthy assina seu primeiro roteiro, fatos que são respectivamente animador e preocupante, e que infelizmente se provam como pequenas verdades. Tendo por objetivo ou não, há um vazio em toda a trama que  transborda de diálogos, ora interessantes, ora enfadonhos, mas que igualmente não agregam nada a narrativa, uma coisa meio Tarantino de ser… Só que sem Tarantino. A pior parte do trabalho de McCarthy está nas personagens, onde Fassbender tenta fazer o melhor que pode e ele consegue, dentro do que foi proposto, mas a falta de um “por que” para sua personagem, mata qualquer interesse maior que se possa ter pelo Conselheiro (sim, ele não tem nome, ele é apenas O Conselheiro…).

Com personagens que carecem de um passado e cenas concretas para lhes dar reforço, é Cameron Diaz quem rouba a atenção, como a misteriosa e perigosa Malkina, uma mulher de poucas, mas importantes palavras, um olhar poderoso e um passado que cativa curiosidade, além de uma atitude que te faz esperar qualquer coisa – absolutamente qualquer coisa – dela.  A coisa mais próxima de um Anton Chigurh feminino (personagem de Bardem em Onde os Fracos Não Tem Vez) que McCarthy já tenha levado ao cinema.

Enquanto Malkina se sobressai por ser uma personagem misteriosa, o mesmo afunda a personagem de Fassbender, um “bom” homem com boa vida e muito apaixonado que aceita, por suposta ganância, fazer parte de um negócio ilegal.

Apesar do texto que, embora problemático, tem seus momentos, Ridley Scott faz como sempre um impecável trabalho na composição de seus planos e trabalha bem os elementos que reforçam a personalidade de algumas personagens, como os figurinos e cenários, flutuando entre o contido e o exagero.

Cinemascope-o-conselheiro-do-crime - Poster BRO conselheiro do crime (The Counselor)

Ano: 2013

Diretor: Ridley Scott.

Roteiro: Cormac McCarthy.

Elenco Principal: Brad Pitt, Michael Fassbender, Javier Bardem, Cameron Diaz, Penelope Cruz.

Gênero: Suspense

Nacionalidade: EUA/Reino Unido.

 

 

 

Assista o Trailer:

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