Por Luciana Ramos

Adaptação de uma série televisiva de sucesso dos anos 1980 de mesmo nome, O Protetor marca uma nova parceria entre Antoine Fuqua (Dia de Treinamento) e Denzel Washington, que aproveita a baixa safra de bons papéis dramáticos para continuar o seu processo de reinvenção como ator de filmes de ação.

Robert McCall (Denzel Washington) é um homem de meia-idade que leva uma vida aparentemente pacata, dividindo o seu tempo entre o trabalho em uma loja de materiais de construção e a leitura de clássicos da literatura. Esta é feita geralmente à noite em uma lanchonete, onde interage com a prostituta adolescente Alina (Chlöe Grace Moretz), de nome de guerra Teri.

De perfil amigável e ao mesmo tempo misterioso, desperta a curiosidade dos seus colegas de trabalho acerca do seu passado, mas nada conta. Um dia, ele vê a jovem sendo surrada pelo seu cafetão russo e decide fazer justiça à Alina com suas próprias mãos.

Enquanto continua a mostrar uma faceta inofensiva durante o dia, passa a utilizar todo o seu tempo livre para combater a máfia russa e suas conexões, incluindo criminosos irlandeses e policiais corruptos, todos ligados a uma rede de tráfico e prostituição. Para isso, utiliza de extrema habilidade física e precisão, chegando a cronometrar o tempo necessário para neutralizar todos os oponentes.

Obviamente, suas ações desencadeiam uma guerra de proporção homérica e Robert deve então lutar para sobreviver dos ataques do capanga mandado para exterminá-lo chamado Teddy e vivido por Marton Csokas. Do seu lado, conta com a ajuda da sua ex-chefe, Susan Plummer (Melissa Leo), que lhe dá as informações que precisa dos seus inimigos.

Assim, aos poucos a trama vai revelando mais sobre o protagonista, em especial de onde vem seu treinamento e suas motivações. Ainda assim, tal conteúdo é escasso e espalhado por todo o longa, cabendo ao espectador realizar o trabalho de juntar as peças do quebra-cabeça na sua mente.

A realidade é que, no contexto de O Protetor, justificativas ou a falta de estreitamento do laço entre Robert e Alina pouco importam. A garota serve apenas como gatilho para despertar nele a necessidade de exterminar o mal que o cerca. Seria um defeito de roteiro, não fosse a inclusão de cenas em que ele ajuda uma colega de trabalho a recuperar um anel roubado ou presta-se a treinar o amigo Ralphie (Johnny Skourtis) para perder peso.

Tais subtramas servem, portanto, para delinear a personagem, que atua de fato como protetor destas pessoas e propõe-se a arriscar a própria vida em prol do bem-estar dos outros. Sendo apresentado e constantemente reafirmado com tal perfil, Robert fornece a credibilidade necessária para o roteiro.

Daí surgem inúmeras cenas de ação, todas incrivelmente executadas, unindo direção e cortes tão precisos quanto os golpes do protagonista. Como bom filme de gênero, não faltam socos, mortes e explosões. A utilização de objetos inusitados em tais sequências é extremamente criativa e adequada ao mundo apresentado nas telas, além de servir como um diferencial qualitativo.

Porém, todo os esforços narrativos e técnicos nada seriam sem o incrível carisma de Denzel Washington, que imprime confiança e credibilidade em tudo o que faz. Através do modo como encarna Robert McCall, prova ser uma excelente escolha para encarnar heróis de ação, algo já feito em trabalhos anteriores, como em Incontrolável, de Tony Scott.

Em suma, O Protetor é ótimo por oferecer ao espectador exatamente aquilo que ele procura: tiros, lutas e mortes em uma envolvente história sobre um homem com treinamento militar e experiência em combate que se vê frente a um inimigo poderoso por conta da sua empatia por uma jovem prostituta.

o protetor posterO Protetor (The Equalizer)

Ano: 2014

Diretor: Antoine Fuqua

Roteiro:Richard Wenk

Elenco Principal: Denzel Washington, Marton Csokas, Chloë Grace Moretz

Gênero: ação, crime, suspense

Nacionalidade: EUA

Confira o trailer:

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