Por Ana Carolina Diederichsen

O cenário é imponente e empolgante e o ano é o de 79 DC. Aos pés do Vesúvio fica a moderna e agitada cidade de Pompeia, o pano de fundo pra uma não tão empolgante história de amor assim…

A jovem filha de um rico comerciante da cidade retorna depois de longa temporada em Roma. Durante o percurso, sua carruagem sofre um acidente e ela é socorrida por Milo, um escravo que, em busca de liberdade, luta como gladiador. Nesse momento é dada a largada a uma série de pequenas inconsistências que permeiam o roteiro escrito por um grupo de três roteiristas pouco experientes, em parceria com Julian Fellowes, vencedor do Oscar por Assassinato em Gosford Park. A questão é: como uma nobre donzela pode cruzar o país com guarda reduzida e uma horda de homens brutos e violentos, que anseiam por sua liberdade a todo custo e que não devem lealdade a ninguém? Pois bem, Cássia ainda consegue se apaixonar à primeira vista por Milo, vivido por Kit Harington (Game of Thrones).

Para comemorar o retorno de sua filha, o patrono de Pompeia organizou um torneio de gladiadores, do qual Milo será o grande destaque. Um importante e inescrupuloso senador de Roma, Corvus, dirige-se à cidade para acompanhar o torneio e exige que Cassia o despose em troca de benfeitorias de Roma. A partir daí o potencial do filme é minado e ele se converte um simplório triangulo amoroso em que o amor do casal apaixonado e de admirável caráter é ameaçado pelo vilão (um canastrão Kiefer Sutherland) que joga sujo para obter o que quer.

Kit Harington é bonito e tem um olhar meigo e desconfiado, um tanto quanto assustado, que se adequa bem ao papel. Em alguns momentos, ele podia ser mais desafiador, ou imponente, mas o personagem é construído de maneira interessante.  Harington desempenha muito bem o papel, no entanto, precisa ficar atento, pois Milo se assemelha muito, inclusive fisicamente, a John Snow, personagem que o deslanchou no meio. Provavelmente a semelhança foi proposital, para embarcar na rabeira do sucesso da série, mas o ator pode acabar estigmatizado em função de personagens tão semelhantes.

Já a atriz principal, Emily Browning (Sucker Punch – Mundo Surreal), transforma uma personagem já sem graça, em algo ainda mais insosso. Sua caracterização não a favorece, deixando-a menos bonita e encantadora do que o papel exige.

O já experiente diretor Paul W.S. Anderson (da franquia Resident Evil), consegue trazer boas sequências de ação, principalmente nas batalhas de arena entre gladiadores. Os efeitos especiais, embora me pareçam não totalmente compromissados com a realidade, são muito convincentes e empolgantes.

O problema central do longa parece a falta de amálgama no roteiro, que além de fraco, é totalmente baseado em clichês. O fato de estarmos em Pompeia, o que traria uma gama de possibilidades riquíssima à trama, é abafado pelo tom meloso em uma história de amor cuja total inexistência de química entre os protagonistas encerra quaisquer possibilidades de dar certo. O famoso desastre histórico, que impulsionaria o público, foi reduzido a um simples pano de fundo.

O longa se sustenta na aventura e prende pela antecipação de um desastre natural legendário, além de falar de gladiadores e da intrincada rede social do Império Romano. Se a temática central não tivesse sido tão bem abordada por majestosos filmes antes dele, como Spartacus, de Kubrick, e Gladiador de Rydley Scott, Pompeia ocuparia um espaço melhor na cinematografia. Não é esse o caso. Alguns de seus momentos mais memoráveis, se é que podemos usar essa denominação, são referências tão fortes que viram cópias dos filmes que o precederam.

Cinemascope - Pompeia posterPompeia (Pompeii)

Ano: 2014

Diretor: Paul W.S. Anderson

Roteiro: Janet Scott Batchler, Lee Batcheler, Julian Fellowes, Michael Robert Johnson

Elenco Principal: Kit Harington, Emily Browning, Carrie-Anne Moss, Kiefer Sutherland.

Gênero: Aventura

Nacionalidade: EUA

 

 

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