Por Cookie Diederichsen

Um homem de meia idade se prepara para voltar à França depois de uma temporada na Rússia. Ao passar pela imigração, Paul (o marcante Mathieu Amalric, de O Grande Hotel Budapeste) é barrado pela polícia, pois seus registros o apontam como morto. Ao ser interrogado, diante de seu próprio atestado de óbito, se lembra da situação que pode tê-lo levado a essa confusão. Esse é o ponto de partida para uma série de reflexões em flashback sobre sua juventude.

Aos 17 anos (na versão jovem interpretado por Quentin Dolmaire), em uma viagem à extinta URSS, Paul entregou seu passaporte a um refugiado ilegal para que ele pudesse fugir e ter uma vida melhor. Sentindo-se como um grande espião em plena guerra fria, o rapaz retorna à França para sua família turbulenta.

Criado pela avó desde que deixou sua casa ainda criança, após um grave ataque esquizofrênico de sua mãe, Paul sempre assumiu uma postura firme nas relações familiares. Após a morte da mãe, a família se recuperou e Paul foi estudar em Paris. Em uma das visitas à cidade natal, conhece a bela e popular Ester (Lou Roy-Lecollinet) e se apaixona de imediato por sua postura confiante e libertária.

Depois de alguns anos vivendo um relacionamento profundo à distância, a aparente segurança de Ester se converte numa dependência depressiva por Paul. Sua compulsão a faz sofrer tanto, que para tentar sanar sua carência, ela procura se rodear dos amigos e familiares de Paul. A relação doentia que eles desenvolvem parece confirmar as teorias de Freud, pois quanto mais se aproxima da namorada, mais Paul se remete à loucura da mãe. A diferença é que agora Paul compreende e, mesmo não intencionalmente, alimenta a compulsão de Ester.

O longa, de mais de duas horas, tem um ritmo lento e agradável, tipicamente francês, e se foca nos relacionamentos interpessoais e nas consequências deles. Tem também um ar saudosista, mas não melancólico. Ainda seguindo a tradição francesa, parece sair de um lugar determinado e não chegar a lugar algum. Mas esse é justamente o propósito do filme: fazer apenas um recorte temporal na vida do protagonista e nos contar sobre essas lembranças tão marcantes para ele e os efeitos que elas ainda tem em sua personalidade mesmo depois de tantos anos.

Três lembranças da minha juventude (Trois souvenirs de ma jeunesse)

Ano: 2015

Diretor: Arnaud Desplechin

Roteiro: Arnaud Desplechin, Julie Peyr

Elenco Principal:  Mathieu Amalric, Quentin Dolmaire, Lou Roy-Lecollinet

Gênero: romance, drama

Nacionalidade: França

 

 

 

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