Tim Burton se tornou um nome muito conhecido pelos amantes da sétima arte, seus filmes ao mesmo tempo em que eram leves até certo ponto, tinham um visual sombrio. Mesmo que seus trabalhos mais recentes não tenham agradado o público e a crítica, sempre aguardamos com ansiedade seu próximo filme. O diretor visionário, como ele é aclamado, parece ter se desviado deste caminho no momento em que lançou o infame “remake” de O Planeta Dos Macacos (1968).

Neste filme lançado em 2001, um chimpanzé é enviado numa capsula para investigar uma tempestade eletromagnética, e acaba perdendo contato com a Estação Espacial Oberon. Leo Davidson (Mark Wahlberg), o treinador deste chimpanzé, quebra as regras e sai para resgatá-lo, mas ao entrar nesta tempestade, uma anomalia no tempo e espaço, o lança a um planeta estranho, habitado e dominado por macacos evoluídos que escravizam os humanos. Leo é capturado, e comprado por Ari (Helena Bonham Carter), defensora dos direitos dos animais humanos, determinada a provar a ignorância do General Thade (Tim Roth), Ari, Leo, e um grupo de humanos e macacos partem para o templo sagrado de Calima, onde uma verdade que poderá mudar todo o conceito do mundo será revelada.

Esqueça por um momento que a franquia Planeta dos Macacos foi rebootada novamente em 2011 com Planeta Dos Macacos: A Origem, esqueça também que o terceiro filme desta nova saga foi lançado este ano, tente se colocar na mente do público médio de 2001, com seus 15 anos de idade, que nem sequer conhecem o clássico filme que deu origem a este, que não liga para as questões levantadas pelos filmes de antigamente, querem apenas ação, este filme foi feito para você, mas não por Tim Burton, e sim pelo produtor Richard D. Zanuck. Não levem o que eu disse como uma ofensa, eu tinha uns 16 anos quando vi este filme, não conhecia o original até então, e não achei a versão do Tim Burton tão ruim quanto muitos apontam.

O projeto deste remake começou a ser elaborado desde 1988, passou pelas mãos de vários roteiristas, Terry Hayes, William Broyles Jr., Lawrence Konner, Mark Rosenthal, vários tratamentos no roteiro. Vários diretores foram cogitados, Alan Rifkin, Sam Raimi, Oliver Stone, Phillip Noyce, Chuck Russell, Chris Columbus, Roland Emmerich, Michael Bay, Peter Jackson, James Cameron, Albert Hughes, Hallen Hughesb, Robert Rodriguez, até chegar às mãos de Tim Burton, que também não queria se envolver neste por considerar o original uma obra prima. Raramente um filme que passa nas mãos de tantos envolvidos, tantas alterações, vê a luz do dia, e raramente são bons, no caso deste, o projeto estava praticamente pronto, já tinha até data para estreia, Zanuck só precisava de um diretor para assinar a obra.

Burton assumiu o cargo, não posso dizer os motivos que o levaram a isso, talvez ele estaria querendo tentar algo diferente e sair da sua zona de conforto. Algumas coisas mudaram depois que Burton entrou na produção, General Thade deveria ser um gorila albino, mas o diretor colocou seu medo pessoal por chimpanzés no personagem; no roteiro original, a cidade dos macacos era quase um reflexo dos nossos anos 50, mas para diminuir custos no orçamento, a cidade dos macacos foi reduzida a um estado primitivo; o final também mudou diversas vezes, mas vamos deixar este assunto para mais adiante.

Uma coisa que este filme traz de bom, e ninguém pode negar, são os macacos, eles se parecem com macacos e se movem como macacos. Antes de colocarem a maquiagem, os atores e figurantes passaram por um intenso treinamento para se comportarem, pensarem, e correrem como macacos, guiados pelo coordenador de dublês Terry Notary – qualquer filme que queria dar mais realismo nos movimentos, precisa do Terry Notary na produção, deveriam criar uma categoria no Oscar só para premiá-lo – isso potencializa o ator, que não só terá de criar um personagem que não é humano, mas convencer a audiência de que é um animal através dos movimentos.

Rick Baker também merece muitos aplausos – existe uma categoria no Oscar para ele, mas nem chegou a concorrer – pelo seu excelente trabalho criando a maquiagem para os macacos. Baker apenas aceitou este projeto se o diretor deixasse que ele criasse o design dos personagens, convenhamos, Tim Burton tem um estilo próprio, meio gótico, personagens pálidos, olhos grandes e com olheiras, cabelos desgrenhados, este trabalho não satisfaria Baker artisticamente. Ele criou próteses que se encaixavam perfeitamente no rosto do ator, o que permitia mais expressões, e além disso ele deu um visual único para cada personagem símio. Vamos admitir, os efeitos do filme original são ótimos para aquela época, mas não tinham a expressividade e singularidade da maquiagem criada por Rick Baker, mal podemos distinguir um macaco do outro, uma espécie da outra, e eles não se movem como macacos, o tempo todo estamos cientes de que são atores em fantasias.

À esquerda: Rick Baker o mestre das maquiagens; À direita: Terry Notary, o mestre em movimentos.

À esquerda: Rick Baker o mestre das maquiagens; À direita: Terry Notary, o mestre em movimentos.

Mesmo que o design dos personagens não tenham sido “Timburtonzados”, ainda podemos ver as mãos do diretor, seus filmes geralmente têm personagens que são excêntricos e/ou excluídos da sociedade, neste caso, Ari, a chimpanzé “amante dos humanos” se encaixa neste arquétipo; espantalhos são figuras recorrentes nos seus filmes; o uso de castelos ou igrejas, que aqui seria Calima, um local sagrado; a parceria com o músico Danny Elfman; e mais do que isso, este é mais um filme que mostra o amor que Burton tem por filmes que o marcaram na infância, como foi Ed Wood (1994), uma homenagem ao diretor de filmes B, A Lenda Do Cavaleiro Sem Cabeça (1999), que é uma homenagem aos filmes da Hammer, e A Fantástica Fábrica De Chocolate (2005) que marcou a infância de muitas crianças nos EUA, Frankenweenie (2012) que é uma homenagem aos monstros da Universal. Nenhum dos seus remakes se tornou melhor do que o filme original – exceto Frankenweenie, na minha opinião, mas nenhum deles tinha pretensão de ser. Planeta Dos Macacos também marca o início de uma longa parceria com Helena Bonham Carter, com quem se casou e tiveram dois filhos.

De cima para baixo e da esquerda para a direita: (Foto 1) Ari, a personagem tipo em todos os filmes do Tim Burton; (Foto 2) Espantalhos são imagens recorrentes nos filmes do Tim Burton; (Foto 3) Calima, o “templo” recorrente nos filmes do Tim Burton; (Foto 4) Nos créditos vemos uma parceria entre Tim Burton e o músico Danny Elfman; (Foto 5) Um dos poucos cenários em que vemos os traços do Tim Burton; (Foto 6) Leo beijando Ari, interpretada pela futura esposa de Tim Burton, Helena Bonham Carter. Esta cena também faz referência ao beijo que Taylor dá em Zira, no Planeta Dos Macacos original.

De cima para baixo e da esquerda para a direita: (Foto 1) Ari, a personagem tipo em todos os filmes do Tim Burton; (Foto 2) Espantalhos são imagens recorrentes nos filmes do Tim Burton; (Foto 3) Calima, o “templo” recorrente nos filmes do Tim Burton; (Foto 4) Nos créditos vemos uma parceria entre Tim Burton e o músico Danny Elfman; (Foto 5) Um dos poucos cenários em que vemos os traços do Tim Burton; (Foto 6) Leo beijando Ari, interpretada pela futura esposa de Tim Burton, Helena Bonham Carter. Esta cena também faz referência ao beijo que Taylor dá em Zira, no Planeta Dos Macacos original.

Nas entrevistas e coletivas de imprensa à época do lançamento, Tim Burton ressaltava que não se tratava de um remake, e sim uma reinterpretação. Como disse antes, não conhecia o filme de 1968 quando vi este, por isso não fiz comparações, mas depois, é claro, procurei o filme original para tomar nota – o final é mais impactante, mais inteligente, e a cena da captura dos humanos é mais intensa – e vi que Tim Burton colocou alguns elementos do clássico no seu filme, são bem sutis, mas perceptíveis: se no original, Taylor (Charlton Heston) dizia “Take your stinking paws off me, you damned dirty ape!”, aqui temos Attar (Michael Clarke Duncan) dizendo “Get your stinking hands off me, you damn dirty human!”; e por falar em Charlton Heston, o próprio faz uma ponta não creditada neste filme, como Zaius (nome de um personagem chave no filme clássico), pai do Gen. Thade, e aqui repete a frase “Damn you! God damn you all to hell!”, suas últimas palavras antes de morrer. Além de Heston, Linda Harrison, que interpreta Nova no filme original, também tem uma pequeniníssima ponta no filme de Tim Burton, como uma prisioneira muda dentro de uma jaula, que balança a cabeça em negação quando Leo pergunta onde estão.

De cima para baixo e da esquerda para a direita: (Foto 1) Attar dizendo “Get your stinking hands off me, you damn dirty human!”; (Foto 2) Charlton Heston símio dizendo “Damn you! God damn you all to hell!”; (Foto 3) Linda Harrison à esquerda, dizendo que “não” com a cabeça.

De cima para baixo e da esquerda para a direita: (Foto 1) Attar dizendo “Get your stinking hands off me, you damn dirty human!”; (Foto 2) Charlton Heston símio dizendo “Damn you! God damn you all to hell!”; (Foto 3) Linda Harrison à esquerda, dizendo que “não” com a cabeça.

Ao invés de focar em temas a la Tim Burton, este filme tenta trazer um motivo religioso, eu digo “tenta” porque depois de passar pelas mãos de quatro roteiristas, perde-se o foco, as referências ainda estão lá, mas não significam nada, a não ser que… bem, ainda não é hora de tocar na conclusão do filme.

Comecemos pelo personagem principal, Leo Davidson, cujo prenome pode ser traduzido do latim como “Leão”, e o sobrenome do inglês antigo “son of David”, ou “filho de Davi”, dois títulos para a figura de Jesus Cristo, o que coloca o personagem de Mark Wahlberg como um messias. A cápsula em que ele chega ao planeta – e Péricles também, no final do filme – tem um formato oval, representa um ovo, que por sua vez não é um símbolo religioso, mas sim um símbolo cristão, associado à Páscoa, nascimento ou renascimento, Leo renasce no planeta dos macacos. Há uma cena em que Gen. Thade questiona se os humanos têm alma, uma vez que ele faz este questionamento significa que ele entende o conceito de “alma”, e se ele entende este conceito significa que a sua civilização têm uma crença religiosa, não exatamente o cristianismo, afinal Jesus Cristo nunca existiu naquele planeta.

Aqui na Terra temos os mesmos questionamentos quanto ao lado oposto: os animais têm alma? Esse é um debate longo, até onde eu saiba, as religiões monoteístas parecem ter chegado a um consenso de que sim – exceto gatos, estes são filhos do capiroto –, quero aproveitar para abrir um parênteses no assunto e comentar sobre uma matéria recente sobre chimpanzés na Guiné realizando rituais possivelmente de cunho religioso. O artigo original foi publicado na revista Nature, pode ser lido neste link em inglês. Voltando ao Planeta Dos Macacos, os indícios de uma religião são confirmados quando Gen. Thade visita seu pai no leito de morte, este possui uma espécie de altar em seu quarto, e contém outros símbolos religiosos como o “coração em chamas”, assim como nas pinturas da Idade Média, Jesus aparece com o coração em chamas, para representar seu poder divino, e o ídolo da deidade símia, Semos, o primeiro macaco deste mundo, cuja volta foi profetizada, assim como existe a crença da vinda de Cristo, e se observarmos bem, veremos que Semos é representado dentro de uma forma oval, rodeado por nuvens, assim como Péricles surge do céu (nuvens) em sua cápsula (em formato oval).

Quando Leo emite um sinal para Oberon, Krull, o gorila amigo de Ari, chama de “feitiçaria” o que Leo chama de “ciência”, na Idade Média nós humanos também atribuíamos às forças das trevas aquilo que não entendíamos, e isso sempre resultava na morte de alguém, o que me faz pensar que assim como existe uma religião na cultura dos macacos, existe uma força opositora, praticantes de feitiçaria; assim como os macacos têm Gen. Thade como seu líder, os humanos também enxergam Leo como o seu messias, “o humano que veio das estrelas e mudou o nosso mundo”, ele trouxe paz (depois de uma batalha) entre humanos e macacos, e… bem, acho que agora não dá mais para evitar, vamos andar em gelo fino ao abordar o final deste filme.

De cima para baixo e da esquerda para a direita: (Foto 1) Leo Davidson, ou “Leão Filho de Davi”; (Foto 2) Cápsula e formato oval; (Foto 3) Leo “renascendo” no Planeta dos Macacos; (Foto 4) Gen. Thade procurando uma alma dentro da boca de Leo; (Foto 5) Pequeno altar religioso no quarto do pai de Gen. Thade; (Foto 6) Altar em uma tenda do Gen. Thade; (Foto 7) Krull acusando Leo de praticar feitiçaria; (Foto 8) Ari se direcionando a Leo como se ele fosse um messias enviado por Semos.

De cima para baixo e da esquerda para a direita: (Foto 1) Leo Davidson, ou “Leão Filho de Davi”; (Foto 2) Cápsula e formato oval; (Foto 3) Leo “renascendo” no Planeta dos Macacos; (Foto 4) Gen. Thade procurando uma alma dentro da boca de Leo; (Foto 5) Pequeno altar religioso no quarto do pai de Gen. Thade; (Foto 6) Altar em uma tenda do Gen. Thade; (Foto 7) Krull acusando Leo de praticar feitiçaria; (Foto 8) Ari se direcionando a Leo como se ele fosse um messias enviado por Semos.

Uma coisa muito importante deve ser levada em conta quando discutimos o final deste filme: por mais que tentemos distanciar, ele sempre estará à sombra do original de 1968, que por sua vez tinha um final bombástico, mais do que isso, um comentário relevante em plena Guerra Fria. Quando foi chamado para dirigir o remake de O Planeta Dos Macacos, Tim Burton se sentiu na obrigação de terminar seu filme com o mesmo impacto.

Uma pequena contextualização: em 1999 tivemos bons filmes que terminavam com um plot twist, Clube Da Luta, O Sexto Sentido, Magnólia, A Bruxa De Blair, e até mesmo o filme anterior do Tim Burton, A Lenda Do Cavaleiro Sem Cabeça, de repente vários filmes subsequentes terminavam com um plot twist, mesmo não havendo necessidade, Planeta Dos Macacos se encaixa nesta categoria, se Tim Burton abrisse mão disso e encerrasse seu filme no momento em que Leo parte do planeta, deixando o final mais aberto, o filme teria sido mais forte, “o que acontecerá com ele?” “será que ele consegue chegar à Oberon no passado e mudar a história?” “será que ele chega à Terra?” são questões que levantariam melhores discussões.

FAÇA VOCÊ MESMO: apresente este filme a alguém que não o conhece e não sabe da sua má fama, pode ser aquele seu primo de 12 anos de idade, e encerre o filme neste ponto, ele terá uma boa impressão, ao invés de ficar confuso por um final mal construído. Já ouvi muitas pessoas criticando este final, mas nenhuma com bons argumentos, apenas “é ruim, não faz sentido!”, para que uma reviravolta faça sentido, é preciso plantar pistas no decorrer do filme, como peças de um quebra-cabeça, no momento da revelação estas peças devem se encaixar, os filmes que citei anteriormente plantam bem suas pistas (incluindo Magnólia), já Planeta Dos Macacos não o faz, e o público se sente enganado. Já ouvi diversas teorias, já elaborei teorias, mas nenhuma tem provas contundentes que expliquem por que ao chegar na Terra, Leo se depara com uma sociedade idêntica à nossa, mas com macacos dominando o planeta, a não ser que este seja o “comentário” que Tim Burton incluiu no filme, se for, só consigo interpretar isso como uma forma de involução humana, essa era a crítica feita pelo autor Pierre Boulle, cujo livro deu origem ao filme de 1968, onde o protagonista humano encontra uma nave e foge do planeta dos macacos (no livro, e neste filme, o planeta não é a Terra) junto com uma nativa, eles acertam o curso para a Terra, mas a encontram dominada por macacos evoluídos anos luz no futuro. A ironia do livro é que como os macacos são oprimidos pelos humanos, a versão deles evoluída criou uma sociedade igual. Seja como for, é um final com um cliff hanging para uma sequência que nunca aconteceu, o próximo diretor deveria se virar para explicar e dar continuidade a história.

De cima para baixo e da esquerda para a direita: (Foto 1) Último plano do filme; (Foto 2) Desenho que mostra de maneira mais eficiente a “involução” humana, partindo do ponto onde estamos agora; (Foto 3) Meme da Internet “Volta que deu merda”. À direita pode vir uma foto do grupo Restart, Bolsonaro, etc.

De cima para baixo e da esquerda para a direita: (Foto 1) Último plano do filme; (Foto 2) Desenho que mostra de maneira mais eficiente a “involução” humana, partindo do ponto onde estamos agora; (Foto 3) Meme da Internet “Volta que deu merda”. À direita pode vir uma foto do grupo Restart, Bolsonaro, etc.

Além da problemática envolvendo a recepção deste final é a problemática envolvendo plágio. Na época do lançamento do filme, o diretor e quadrinista Kevin Smith (de O Balconista) diz ter reconhecido a icônica imagem de Abraham Lincoln com cabeça de macaco, que ele usara em uma HQ de sua autoria (Jay & Silent Bob), três anos antes do lançamento de Planeta Dos Macacos. Smith moveu uma ação contra Burton, que se defendeu dizendo “Quem me conhece sabe que eu nunca leria uma revista em quadrinhos. E certamente eu não leria qualquer coisa escrita por Kevin Smith” – detalhe: o filme do Superman que Burton iria dirigir, com Nicolas Cage no papel principal, teria o roteiro assinado por Kevin Smith – é difícil afirmar com precisão se houve plágio ou coincidência, afinal o roteiro é assinado a quatro mãos, mas eu acredito em coincidências, a exemplo do curioso caso em que David Law e Hank Ketcham registraram o personagem Dennis, the menace no mesmo dia, 12 de março de 1951, o primeiro na Inglaterra e o outro nos EUA, nenhum tinha conhecimento do trabalho do outro. Se isso é possível, por que não acreditar que os dois podem ter tido a mesma ideia?

PLANETA TIM BURTON IMAGEM 2

Se o problema deste filme fosse apenas esse… O fato de os humanos falarem o mesmo idioma dos macacos, e manufaturarem peças, já indica um certo nível de inteligência, no filme de 68 acreditamos que os humanos são escravizados por serem intelectualmente atrasados; os personagens são mal escritos, a personagem de Estella Warren não possui nenhuma função na narrativa, e Leo Davidson é um personagem unidimensional que não passa por nenhuma transformação interna. Em compensação há coisas boas no filme, como a cena entre Thade e seu pai (interpretado por Charlton Heston), os dois atores têm opiniões opostas sobre o porte de armas, Heston é presidente da NRA (National Rifle Association) e defende que todo americano tem direito de portar armas, Tim Roth, que interpreta Thade, não queria trabalhar ao lado de Heston por nada neste mundo, mas depois de pensar muito a respeito o lado profissional de Roth falou mais alto. Nesta cena, o personagem de Heston entrega uma arma de fogo ao Gen. Thade, é interessante notar que seu discurso não é nem um pouco diferente fora das telas, “isto tem o poder de mil lanças”, que o roteiro rebate para não parecer uma propaganda pró-armas, “quanto mais inteligentes, mais perigosos ficamos”. Outra coisa interessante a ser observado é que quando enfurecidos, os macacos retornam ao seu estado primitivo, apoiando-se com as mãos, enquanto que no restante do filme andam semieretos.

De cima para baixo e da esquerda para a direita: (Foto 1) Leo Davidson, personagem que não passa por nenhum arco dramático; (Foto 2) Estella Warren, que também não passa por nenhum arco dramático, e não contribui em nada na história; (Foto 3) Cena memorável entre Gen. Thade e seu pai; (Foto 4) Macacos retornando ao seu estado primitivo, apoiando-se nas patas dianteiras.

De cima para baixo e da esquerda para a direita: (Foto 1) Leo Davidson, personagem que não passa por nenhum arco dramático; (Foto 2) Estella Warren, que também não passa por nenhum arco dramático, e não contribui em nada na história; (Foto 3) Cena memorável entre Gen. Thade e seu pai; (Foto 4) Macacos retornando ao seu estado primitivo, apoiando-se nas patas dianteiras.

Em conclusão, Planeta Dos Macacos não é um trabalho desenvolvido com esmero por Burton, ele meio que “caiu de paraquedas” como o personagem no filme, mas ele fez o possível para tentar salvar o projeto, e o resultado é um filme “passável”, como muitas aventuras do final dos anos 90 e início dos anos 2000.