Por Magno Martins

Atualmente é muito difícil prestar atenção nas cantoras que preenchem as rádios e paradas de sucesso do mundo todo. A mídia constrói e destrói ao mesmo tempo trabalhos de tantas que lutam para chegar ou manter o seu lugar no competitivo mercado fonográfico. Muitas parecem que estão no auge do desespero, lançando clipes e músicas sem parar, em um ritmo frenético, não deixando que as pessoas sintam o que elas tem a dizer. Todo esse alvoroço transborda muita superficialidade e nem é necessário citar nomes, pois certamente passou em sua mente neste momento ao ler este parágrafo uma lista de prováveis exemplos.

Porém, ao deparar-se com o trabalho de Lana Del Rey, é perceptível que a música tem salvação. Dona de uma beleza única, de uma simpatia sem fim, de uma voz que é só dela, Lana mostrou à todos que é possível, sim, fazer um trabalho de boa qualidade com muito bom gosto, sem se preocupar se suas músicas são os hits do momento. Caso você escute seu primeiro album, Born To Die, entenderá perfeitamente tudo isso. Lana consegue aplicar o seu bom gosto em sua imagem e trabalho, isso é claramente visível em seus videoclipes.

Uma característica da cantora é o bom gosto para seus clipes. Todos transbordam referências cinematográficas, com um ótimo roteiro adaptado aos versos de suas músicas. Isso é grandioso para um artista da atualidade: mostrar-se diferente e, ao mesmo tempo, autêntico. O primeiro single do aguardado relançamento “Born To Die – The Paradise Edition”, Ride, Lana revela uma América dos anos 80, com um monólogo lindo e profundo. A fotografia do video é perfeita, dirigido por Anthony Mandler (que já trabalhou com outros grandes nomes da música como Rihanna, Snoop Dog, The Killers, entre outros), revelando uma Lana livre de preconceitos, buscando sua liberdade e felicidade, relacionando-se com homens mais velhos: “Eu estava no inverno de minha vida – e os homens que conheci pela estrada foram meu único verão. À noite caía no sono com visões de mim mesma dançando, rindo e chorando com eles.”

Certamente Lana Del Rey conseguiu superar todas as críticas que tinha recebido e conseguiu consolidar-se como uma artista. Como ela mesma cita no monólogo de Ride, “sempre fui uma garota incomum, minha mãe me disse que eu tinha uma alma de camaleão. Sem senso de moral apontando para o norte, sem personalidade fixa. Apenas uma indecisão interior tão extensa e tão ondulante quanto o oceano. E se eu disser que não planejei para que tudo fosse desse jeito, estaria mentindo – porque nasci para ser outra mulher”. E para aqueles que ainda insistem em contradizer sua arte, Lana deixa seu último recado em Ride “Quem é você? Você está em contato com todas as suas fantasias mais sombrias? Você criou uma vida para si mesma onde é livre para experimentá-la? Eu criei. Sou maluca pra caramba. Mas sou livre.”

Veja o curta:

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