Crítica do filme Fruitvale Station

Por Breno Bringel

Primeiro longa de Ryan Coogler, Fruitvale Station – A Última Parada, destaque do Festival de Sundance e do Festival de Cannes, mas injustamente ignorado pelo Oscar, é um excelente filme-denúncia baseado em fatos reais, mostrando como a intolerância e o preconceito ainda perduram nas sociedades atuais.

Narrando o último dia de vida de Oscar Grant, ex-presidiário que tenta colocar a vida de volta aos eixos e criar a filha pequena, Coogler, com sua câmera na mão, já inicia o filme com o vídeo real da morte de Oscar, filmado por passageiros do metrô Fruitvale Station, imprimindo ao longa um tom documental.

Inclusive, desde o início do longa, Coogler nos mostra como o celular será uma ferramenta importante para a história, desde o aparelho utilizado por Oscar, e que exibe na tela o que o personagem faz, até os vários celulares que filmaram toda a fatídica cena de sua morte.

Apresentando personagens bem desenvolvidos, Coogler, que também assina o roteiro do longa, constrói um Oscar que, apesar do temperamento por vezes explosivo e agressivo, como na cena em que pede ao seu ex-patrão o emprego de volta, também é uma pessoa amável e carinhosa, e notamos claramente isso nos momentos de descontração com a filha ou na cena em que o mesmo se depara com um atropelamento de um cachorro. Tal construção de personagem ainda é auxiliada pela emocionante interpretação de Michael B. Jordan, e vê-lo sussurrar para os policiais, após ser alvejado por um tiro à queima roupa, que têm uma filha, é extremamente doloroso.

Outros personagens marcantes do filme incluem Wanda, a mãe de Oscar, interpretada por uma Octavia Spencer no melhor trabalho de sua carreira, e Sophina, namorada de Oscar e mãe de sua filha, interpretada por Melonie Diaz. Spencer constrói uma personagem forte e protetora, e a cena em que ela visita o filho na prisão está entre as melhores do longa.

Coogler, apesar de estreante, apresenta uma direção segura, como por exemplo o bom emprego de planos inclinados em um momento chave do filme, como também os constantes closes nos atores, nos aproximando ainda mais dos personagens. Apesar disso, Coogler, agora como roteirista, comete alguns erros ao incluir elaboradas cenas de “despedida” de Oscar com outros personagens, como se estes já soubessem o que de fato aconteceria mais para frente na história.

Com um terceiro ato emocionante, onde Coogler recria o vídeo exibido no começo do longa, o filme se encerra com uma rima em relação ao inicío, onde vemos cenas de uma manifestação real, no aniversário de morte de Oscar. Desse modo, Coogler começa e encerra o filme com imagens reais, nos apontando que apesar da obra ser um longa-metragem de ficção, essa história, como tantas outras semelhantes, nunca foram tão reais.

Fruitvale Station – A Última Parada (Fruitvale Station)