Por Luciana Ramos

A decisão da Disney de produzir um filme tendo Malévola (a vilã de A Bela Adormecida) como protagonista causou controvérsia. Para muitos, parecia que Hollywood operava mais uma vez sua lógica de reciclagem de obras queridas para simples acúmulo de lucros. Porém, o cuidado com o roteiro e a qualidade técnica do mesmo provaram a capacidade de reinvenção da Disney através da autoavaliação.

Infelizmente, os contos de fadas clássicos andam fora de moda. O caráter dualista das histórias, (em especial a pureza das mocinhas) é visto pelas crianças de hoje com desânimo. Os personagens de sucesso das animações atuais são dinâmicos e mais complexos; eles erram, aprendem e evoluem.

De fato, a realidade é que houve uma mudança de percepção quanto à figura do vilão. No entretenimento, os transgressores da lógica social são muito mais sedutores aos olhos do público e personagens dúbios, com um pouquinho de mal em si, são apelativos para todas as faixas etárias.

Tendo isso em consideração, a personagem Malévola (Angelina Jolie) permaneceu com ares de enfado e ironia fina clássico dos vilões mas ganhou complexidade; suas ações são devidamente guiadas por sentimentos humanos, como a mágoa, raiva e arrependimento. Para antagonizá-la, Stefan (Sharlto Copley), o rei e pai de Aurora (Elle Fanning), tornou-se vil o suficiente para causar repúdio.

A vida de Malévola é contada desde a sua infância e segue além de A Bela Adormecida. Como bom conto de fadas, uma narração em off apresenta a configuração do mundo mágico, dividida aqui em dois reinos: de um lado, viviam os homens, guiados pela ambição de um rei arrogante; de outro, havia Moors, lugar encantado onde viviam em harmonia todos os tipos de seres mágicos e estranhos.

Nele, habitava uma fada bondosa e jovem com asas e chifres cuja força transformou-a em guardiã do local. Um dia, fica amiga de um humano chamado Stefan, que cruza os limites dos reinos para roubar. Anos depois, é traída por ele, que a usa para ascender ao trono. Malévola fica cega pelo desejo de vingança e lança uma maldição na filha do rei, Aurora: aos dezesseis anos, ela irá furar o dedo em uma roca que a fará dormir para todo o sempre, a menos que receba um beijo de amor verdadeiro.

Aurora é refugiada no campo a cargo de três fadas atrapalhadas (interpretadas por Imelda Staunton, Juno Temple e Lesley Manville) mas, com ajuda do seu fiel escudeiro, o corvo Davial (Sam Riley), Malévola descobre a localização e passar a observar de longe a princesa crescer.

A trama acerta por apresentar as já conhecidas passagens sob um novo ponto de vista. Cenas importantes são levemente mudadas e dão relevância ao longa. No entanto, os méritos vão muito além do roteiro. O visual é um deleite para os olhos. O público é arrebatado pela beleza e encanto característicos da Disney. Ademais, algumas cenas importantes da animação ganharam uma reconstituição excepcional.

Ainda como destaque, temos a atuação de Angelina Jolie, que acerta no tom da vilania, sem nunca perder o charme característico. Ela interpreta de maneira concisa e, ainda assim, densa. Já Elle Fanning aparece como a epítome da pureza e mostra-se extremamente carismática. De fato, todo o elenco coadjuvante é talentoso e harmonioso. Uma curiosidade: a filha de Jolie, Vivienne Knox, faz uma participação como a jovem Aurora e o resultado é bem cativante.

Em suma, não há do que reclamar em Malévola. O filme é montado como um conto de fadas e, sendo assim, é bastante focado no público infantil. Porém, a leveza e grande qualidade técnica o transformam em ótimo divertimento para os apreciadores de histórias sobre reinos encantados, vingança e redenção com aquele leve toque da Disney.

 

Cinemascope-Malévola (8) Malévola  (Maleficent)

Ano: 2014

Diretor: Robert Stromberg

Roteiro: Linda Woolverton, Charles Perrault

Elenco Principal: Angelina Jolie, Elle Fanning, Sharlto Copley

Gênero: ação, aventura, fantasia

Nacionalidade: EUA

 

 

 

 

Confira o trailer:

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