Por Aline Fernanda


“Viver sem conhecer o passado é andar no escuro”

Essa frase do protagonista diz muito sobre o trabalho do diretor juntamente com antropólogos e historiadores que o ajudaram a adentrar a história do Brasil e selecionar quais seriam os episódios escolhidos pra sua animação. “Tenho muito interesse por história do Brasil e história em quadrinhos. Como a minha formação é de roteirista, sei que a animação oferece possibilidades ilimitadas na narrativa. Nosso cinema raramente se dedica a contar de uma maneira interessante e com viés de entretenimento e reflexão os aspectos da nossa história”, destaca Luiz Bolognesi em um debate que o Cinemascope participou.

O longa de animação do diretor e roteirista Luiz Bolognesi (Bicho de Sete Cabeças, As Melhores Coisas do Mundo, Chega de Saudade) chega para engordar o mercado de longas de animação brasileiros, que tem como principais títulos filmes do Maurício de Sousa. O longa, que tem como público alvo jovens e adultos, possui traços e linguagem de HQ;  o filme narra o amor entre Janaína e um guerreiro indígena que, ao morrer, assume a forma de um pássaro. Durante seis séculos, a história do casal sobrevive, atravessando quatro fases da história do Brasil: a colonização, a escravidão, o regime militar e o futuro, em 2096, quando haverá uma guerra pela água. Em todos estes períodos, os dois lutam contra a opressão.

Os atores Selton Mello, Camila Pitanga e Rodrigo Santoro interpretaram o texto em estúdio para que a equipe usasse esse material como referência para o trabalho de animação, essa técnica permite resultados mais sutis e expressivos, valorizando assim, o potencial do elenco e dos animadores.  “Não podia errar na escolha do elenco, precisava de grandes atores. Você não consegue extrair emoção, densidade e camadas de interpretação de profissionais que não sejam, no mínimo, geniais”, enfatiza o diretor. Além disso, ele comentou que algumas cenas foram refeitas e por conta da agenda dos atores, às vezes era ele quem precisava gravar as falas para os animadores poderem continuar o seu trabalho e que todos eles reclamavam porque não era a mesma coisa, o personagem perdia coisas que poderiam enriquecer a cena por não ter sido interpretada por seus “donos”.

Além disso, Bolognesi afirmou ter escolhido a animação no lugar de live action pois isso permitiria transformar a barreira do impossível em plausível, além de poder pular 6 séculos sem parecer ridículo. O diretor acredita que em live action os problemas podem ser resolvidos rapidamente enquanto na animação o prazo é maior, e conta que faz parte da sua personalidade ter calma para fazer as coisas.

Sempre que fala do filme, Bolognese discursa com muita paixão e como tudo foi escolhido a dedo, e isso não poderia ter sido diferente com as paletas de cores  escolhidas para cada época e seguida a risca do inicio ao fim do longa, além de comentar que queria fugir dos traços típicos da Disney e ficar mais parecido com mangás.

O filme consegue alcançar seu objetivo, contar a história do Brasil de uma forma muito mais do que interessante e dar de brinde um amor daqueles de se apaixonar. Os personagens são humanos o que permite a aproximação do espectador e a torcida para que tudo ocorra bem.

 

Uma História de Amor e Fúria (6)Uma História de Amor e Fúria

Ano: 2013

Diretor: Luiz Bolognesi.

Roteiro: Luiz Bolognesi.

Vozes: Camila Pitanga, Selton Mello e Rodrigo Santoro.

Gênero: Animação.

Nacionalidade: Brasil.

 

 

 

 

Nossa equipe participou de um debate com o diretor, veja aqui:

Veja o trailer:

Galeria de Fotos: