Por Ana Carolina Diedrichsen
Estamos na noite de ano novo e embalados por uma não tao empolgante música, passeamos pelo Rio de Janeiro até nos depararmos com uma turminha bastante conhecida… Blu (Jesse Eisenberg) e Jade (Anne Hathaway) dançam e comemoram a chegada de mais um ano. Estão tranquilos pois acreditam que seus filhos estão em segurança sob os cuidados de Rafael. Mal sabiam eles que os três pestinhas estavam aprontando, como é de se esperar de todos os jovens. Na sequência, vemos Blu e as crianças preparando um café da manha totalmente americanizado, com direito a panquecas, frutas enlatadas, televisão, tablets e ipods. Jade, sempre contraria e essa “humanização” da família incentiva as crianças a usarem o bico para achar a própria comida, mas os hábitos estão profundamente impregnados a eles. Essa situação está para mudar quando os pássaros veem na televisão seus donos humanos, Linda e Tulio (Rodrigo Santoro).
Em uma expedição pela Amazônia para a devolução de uma ave rara à seu habitat, o casal encontra rastros de uma ararinha azul e decide investigar a fundo. Jade decide, então, partir com a família rumo à floresta amazônica para auxiliar nessa busca e mostrar às crianças como é a verdadeira vida selvagem. Num divertido clipe, a família atravessa o país, passando pelas principais cidade e paisagens, enquanto o GPS de Blu atrasa a viagem levando-os a caminhos mais longos do que o necessário. Nesse ponto, o filme já está repleto de clichês que vão se perpetuando ao longo da trama. Mas isso não é necessariamente ruim, pois serve bem ao propósito de entreter os pimpolhos. Durante o caminho, eles se deparam com seu antigo inimigo Nigel, que agora tenta a vida como ator, mas não passa de um “periquito de realejo”. Em sua companhia, vive a divertida Gabi, uma sapa cor de rosa exuberante e extremante venenosa que nutre uma fixação doentia pela cacatua. Além dela, para compor a trupe, temos o fofo Carlitos, um tamanduá sapateador (que virou meu personagem preferido sem dar um pio em cena). Tomado pelo desejo de vingança, Nigel e seus escudeiros vão atrás da família de araras azuis. Ao chegarem na Amazônia, as ararinhas descobrem um pequeno santuário escondido, repleto de araras azuis.
O rígido chefe dessa comunidade é Eduardo (Andy Garcia), que mais pra frente descobrimos ser o pai de Jade. Blu se esforça para se adequar, mas sua criação e proximidade com os humanos é um problema para o sogro. Desse reencontro nasce uma série de desdobramentos que mais uma vez são repletos de clichês (algumas vezes muito agradáveis, outras, um pouco piegas). Em contrapartida, temos a trama de Linda e Tulio, que travam uma guerra particular contra os madeireiros que querem desmatar a região e destruir o habitat do possivelmente único grupo de araras azuis do planeta. Sem escrúpulos nenhum e visando sempre o lucro, o chefe dos madeireiros (que é tao parecido com alguns personagens do Antonio Fagundes, que deve ter sido inspirado nele) ordena que os ambientalistas sejam caçados e mortos por seus capangas.
Em Rio 2, temos o reencontro feliz com personagens antigos e novos personagens, alguns mais divertidos que outros, mas que acabam funcionando muito bem no contexto geral. Ainda temos em pauta o fundamental tema ecológico, mas ao colocar os madeireiros como vilões tão simplórios, abafa um tema que deveria ter sido melhor abordado. A música deixa a desejar em alguns momentos, ainda mais por envolver nomes de peso como Sergio Mendes, Carlinhos Brown e Bruno Mars. Destaque para a bela cena em que as araras azuis e as vermelhas disputam um território repleto de castanhas do pará. O duelo das araras é resolvido sob a forma de futebol. Em tomadas mais abertas da “arena” é possível ver uma referência clara as disputas dos bois Garantido e Caprichoso, que permeiam o folclore da região norte do Brasil. A qualidade técnica é impecável, os cenários e personagens são lindos e muito bem criados. A beleza natural é explorada de maneira profunda.
A trama principal e a secundária se interagem muito bem e conseguem criar uma historia coesa, bobinha e maniqueísta, adequada a crianças mais novinhas. História essa, que não se diferencia muito de tantas outras, mas que aliada a belos personagens e paisagens, merece ser vista e apreciada pela família.
Ano: 2014
Diretor: Carlos Saldanha
Roteiro: Carlos Kotkin, Jenny Bicks e Yoni Brenner Don Rhymer
Vozes: Jesse Eisenberg, Anne Hathaway, Rodrigo Santoro, Jemaine Clement, Andy Garcia
Gênero: animação, comédia
Nacionalidade: EUA
Confira o trailer:
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