Para minha estreia na coluna #5+1 resolvi fazer uma seleção com filmes de um dos meus diretores favoritos, John Hughes. Para muitos, o cineasta e roteirista praticamente inventou a comédia adolescente dos anos 80. E, quem acompanha ou acompanhava a sessão da tarde já deve ser familiar com seus filmes e ótimas trilhas sonoras. O estilo particular de Hughes estourou nos anos 80 e muitos de seus filmes lançaram a carreira de atores como Molly Ringwald, Macaulay Culkin, Matthew Broderick, John Cusack e até Robert Downey Jr.. Enfim, é difícil imaginar outro diretor que tenha captado os dilemas da adolescência, muitas vezes atemporais, da forma mais nostálgica e genuína possível, sem muitos exageros. Vamos lá?
A Garota de Rosa Shocking (1986)
Apesar de ter sido dirigido por seu colega Howard Deutch, a marca de Hughes é extremamente óbvia no roteiro deste filme. Molly Ringwald, atriz que apareceu em diversos filmes do diretor, interpreta Andie, uma menina humilde que acaba se apaixonando por um garoto rico e popular do colégio. Apesar de clichê em alguns momentos, o filme conta com cenas impagáveis interpretadas por Duckie (Jon Cryer), fiel escudeiro de Andie. A trilha sonora também não deixa a desejar – o som de bandas como New Order, The Smiths e The Psychedelic Furs cria a atmosfera inesquecível do filme.
Gatinhas e Gatões (1984)
Este é o primeiro trabalho de Molly Ringwald com John Hughes. Ela protagoniza Samantha, uma adolescente que vive vários dramas ao mesmo tempo – apesar do maior deles ser o cara por quem ela está apaixonada nem saber que ela existe. Com alguns momentos musicais, a ótima atuação de Anthony Michael Hall e a pontinha de um jovem John Cusack, “Gatinhas e Gatões” é mais um clássico dos anos 80 que não pode ser esquecido.
Ela Vai Ter Um Bebê (1988)
Um dos filmes mais diferentes de Hughes em termos de temática, já que trata dos jovens recém-casados Jake e Kristy Briggs, interpretados por Kevin Bacon e Elizabeth McGovern. Em meio a situações engraçadas, vivem as aventuras e os ajustes do casamento, além das expectativas do primeiro filho e das pressões familiares. Apesar de ser uma das obras menos conhecidas do diretor, certamente vale a pena ser conferida. Temas como incertezas, responsabilidades e a transição para a vida adulta são tratados de forma delicada e cômica.
Mulher Nota 1000 (1985)
Um filme com uma trama um tanto simplória, porém engraçada, que retrata dois típicos nerds…que querem mesmo é conhecer garotas. Como não são bons nisso, decidem criar uma personal-mulher-perfeita por meio de um computador digno de museu. E não é que conseguem? Além de mais uma atuação de Anthony Michael Hall, o filme ainda conta com a ponta de Robert Downey Jr., esse mesmo e bem novinho! Um clássico de sessão da tarde.
Curtindo a Vida Adoidado (1986)
Provavelmente a obra mais conhecida de Hughes, e a mais adorada pelos fãs. A trama envolve Ferris, um adolescente interpretado por Matthew Broderick, que finge estar doente para faltar aula e sair pela cidade com os amigos. Apesar de parecer mais um clichê, este é um filme que retrata toda a juventude de uma época e que com certeza ficou gravado na memória de muitos por suas mensagens de grande valor. As cenas e falas também não ficam para trás: como se esquecer da grandiosa apresentação de Twist and Shout? Ou da cena do chuveiro? Ou mesmo dos personagens tão cativantes? Save Ferris!
Filme além dos clichês…
Clube dos Cinco (1985)
Autêntico e encantador. “Clube dos Cinco” vai muito além da típica comédia adolescente. E não é por nada que tornou-se um clássico cult da geração. Logo de cara, o espectador leva um banho musical com a clássica oitentista “Don’t You (Forget About Me), música gravada pela banda Simple Minds para a trilha do filme.
Esta obra, que foge do padrão de filmes do gênero, aborda a vida de cinco adolescentes durante um dia. Por terem se comportado mal na escola, ficam detidos na mesma por um sábado inteiro e são limitados a pensar sobre seus atos. Apesar de serem adolescentes de grupos diferentes, acabam se conhecendo melhor e descobrindo que têm muito mais em comum do que julgam.
É fascinante o que pode acontecer quando cinco pessoas diferentes são colocadas em uma mesma sala. John Hughes nos faz pensar sobre a vida, nossas inseguranças e defeitos, e tudo que nos torna humanos. Um filme completo – com elenco, roteiro, direção e trilha sonora brilhantes.
Curiosidade: a memorável cena da conversa no chão da biblioteca é totalmente espontânea, já que não havia falas no roteiro original. Hughes autorizou os atores que falassem o que quisessem.