“Você viu o novo filme do Godard?”talvez tenha sido a frase mais ouvida entre cinéfilos e intelectuais nas décadas de 60 e 70. Não é para menos. Afinal, Jean-Luc Godard é o grande cara por trás do Nouvelle Vague, movimento cinematográfico francês que inspirou o Cinema Novo no Brasil.

Em 2017, a pergunta volta a atiçar as rodas de conversa sobre cinema. Dessa vez, não por uma criação sua ou pelas discussões suscitadas por sua obra (que muitas vezes levam a tão inútil quanto pertinente pergunta “onde ele quer chegar com isso”), mas pela comédia O Formidável, dirigida pelo seu conterrâneo Michel Hazanavicius.

O longa-metragem que estreou no último dia 26 (sim, já estreou!) não é exatamente uma biografia, é importante deixar claro. O filme é inspirado no livro Un an après (Um ano depois) escrito pela atriz Anne Wiazemsky, ex-mulher de Godard e é uma homenagem/brincadeira a Godard.

Emulando a linguagem cinematográfica de seus filmes, O Formidável expõe as contradições e a personalidade forte (ou mesmo arrogante) do diretor francês, com boas doses de humor. (Veja nossa crítica aqui!)

Para entender algumas referências de O Formidável (e até para contribuir com sua formação cultural-cinematográfica, ora porque não?), nós do Cinemascope resolvemos dar uma ajudinha. Como? Apresentando cinco filmes essenciais da carreira de Jean-Luc Godard e que te ajudarão a entender um pouco o que passa na cabeça do genial/genioso diretor.

A Chinesa (1967):
Sinopse: Quatro jovens passam suas férias de verão em um apartamento emprestado. Eles querem mudar o mundo por meio do comunismo, mas também utilizando do terrorismo se necessário.

Por que assistir: Esse nem figura entre os mais importantes obras da filmografia de Godard. Mas como diria o poeta, ‘o importante é o que importa’. E o que importa aqui é que foi durante as gravações que Jean-Luc Godard e Anne Wiazemsky se casaram. O Formidável pega como recorte exatamente esse período. Nada mais natural que você dar uma sacada nesse filme.

 

 

Acossado (1960):
Sinopse: Michel Poiccard, ladrão de carros, anarquista, mata o policial que o perseguia em uma moto. Em Paris, ele encontra a sua amiga americana Patricia Franchini, e vira seu amante.

Por que assistir: É o filme de estreia de Jean-Luc Godard, de onde a proposta da linguagem cinematográfica do diretor se deriva e desenvolve. Vai começar do começo e quer saber como começam as viagens do Godard? Assista a este filme.

Viver a Vida (1962):

Sinopse: Nana, uma jovem parisiense que trabalha em um loja de discos, está desiludida pela pobreza e seu casamento em ruínas. Na esperança de se tornar uma atriz famosa, ela se decepciona mais uma vez, e se entrega à sombria vida de prostituição. Quando ela conhece um homem que realmente se importa com ela, Nana ganha tem um nova esperança – porém, seu cafetão, Raoul, tem a palavra final.

 

Por que assistir: Se você, como eu, se amarra nas obras de Bertolt Bretch, esse é um prato cheio. Os diálogos carregados de existencialismo e carga dramática têm influência flagrante do escritor e dramaturgo alemão. A forma com que Godard manuseia a câmera nos dá a sensação de que estamos acompanhando os passos de Nana (Anna Karina) e dá todo o charme ao filme.

 

O Demônio das Onze Horas (1965)
Sinopse: Casado com uma italiana e entediado com sua vida na alta sociedade, o professor espanhol Ferdinand foge em direção ao sul com Marianne, após um cadáver ser encontrado na casa dela. Eles caem na estrada e deixa um rastro de roubos por onde passam.

Por que assistir: Bicho, esse filme é uma doideira, mas é também o suprassumo da filmografia de Jean-Luc Godard, para o bem e para o mal. Todas as experiências cinematográficas feitas pelo diretor são colocadas de forma ainda mais forte. Intertítulos? Tem. Filme divididos em atos? Tem também. Descontinuidade narrativa? Pra caramba. Provocações à forma de fazer e assistir cinema? Oxe, o tempo todo. Crítica social f#da? Mais ainda.

 

Duas ou três coisas que sei sobre ela (1967)
Sinopse: Uma crônica da Paris dos anos 1960. Uma sociedade extremamente consumista, indiferente à Guerra do Vietnã e aos males do mundo, vista a partir da rotina de Juliette Janson (Marina Vlady), uma dona de casa dividida entre os afazeres domésticos e a prostituição.

Por que assistir: Ela, no caso, é a cidade de Paris. Novamente Godard mete o pé no peito da sociedade francesa (e ocidental como um todo), aprofundando-se na solidão e crise existencial do indivíduo dentro de uma cidade cosmopolita onde tudo está acontecendo ao mesmo tempo aqui e agora.

Boas sessões!

 

SIGA O CINEMASCOPE!

Gostou do artigo? Compartilhe com seus amigos. Aproveite e curta nossa página no Facebook, inscreva-se em nosso canal no YouTube, siga os nossos perfis no Spotify e Twitter!