Por Diêgo Araújo
É bem provável que em alguma fase da sua vida você já tenha assistido ou ouvido algum comentário a respeito de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (Le Fabuleux Destin d’Amélie Poulain, 2001). Antes de começar a exaltar o longa, vale destacar alguns dados estatísticos que comprovam a grandiosidade da obra criada pelo genial diretor Jean-Pierre Jeunet. Confira:
– O longa ocupa o terceiro lugar na sessão de melhores filmes da “European List”, a maior pesquisa de cultura europeia;
– Amélie figura, ainda, na lista dos melhores filmes do mundo, segundo a base de dados do IMDB (2014). No TOP 250, que classifica em ordem crescente as melhores obras do cinema, o longa ocupa a 63ª posição;
– A obra arrecadou um total de 55 premiações e concorreu a 5 Oscar, feito raro para um filme estrangeiro.
Ao assistir ao filme pela primeira vez, é notável o profissionalismo e amor empregado na sua construção. Não é a toa que Jean-Pierre iniciou a seleção de dados e memórias que compuseram o roteiro do longa ainda em 1974. Foram mais de duas décadas de planejamento e empenho para a produção de um dos maiores tesouros do cinema, que com certeza irá permanecer atemporal e ultrapassará décadas.
O enredo narra a história de Amélie Poulain, uma jovem garçonete que coloca as necessidades das outras pessoas sempre acima das suas. Priva-se dos grandes prazeres da vida e contenta-se com a simplicidade e beleza daquilo que os outros, no frenesi de suas atividades, não conseguem enxergar.
O longa, que tem seu enredo apresentado por um narrador-observador que descreve grande parte dos eventos, opta por poucos diálogos diretos entre os personagens. A fotografia, que não abre mão de cores quentes e alta saturação, também dão um valor único a obra e só intensificam a beleza dos cenários parisienses que serviram como locação para o longa.
O que vale destacar, acima de tudo, é a trilha sonora composta e interpretada pelo também fabuloso Yann Tiersen. A magnificência é tanta que a trilha passa a ganhar importância à parte. É como se ela fosse inerente ao longa e ao mesmo tempo estivesse distante dele. Você pode nunca ter assistido O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, mas a probabilidade de encantar-se com a sua trilha sonora é quase certa.
O elenco, ao que parece, também foi escolhido a dedo. A acuidade seletiva do Jean-Pierre foi tão perspicaz que privou o diretor de qualquer tipo de erro, mesmo na convocação dos atores. A Audrey Tautou, com a sua expressão serena e intrigante, deu a Amélie a permanente feição característica de absoluta harmonia, seja nos momentos em que a personagem exala felicidade ou entrega-se à sua própria tristeza.
Difícil é descrever a complexidade de emoções que o filme nos desperta. Com a sua estrutura narrativa única, o diretor Jean-Pierre consegue, com maestria, levar os espectadores a uma experiência sem igual. Felizardos aqueles que, ao contrário de mim, puderam extasiar-se com um filme tão espetacular em uma sala de cinema.
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Veja o vídeo do teste da Audrey Tautou para viver Amelie:
E o trailer do filme: