Por Frederico Caballa
O curta abre com os preparativos de Lindalva (Eloina Duvoisin Ferreira) para encontrar seu filho Metruti (Andrew Knoll), que está preso. Antes de partir para a visita, a mãe apronta sanduíche de mortadela, separa refrigerante e introduz em si um aparelho celular envolto numa camisinha. Daí o filme deslancha em tensão com ajuda de cortes secos e close-ups. Pairam perguntas como: “será que ela passa pela vistoria da cadeia?”, “que fará Metruti em posse do celular?” “por que, afinal, o título A Fábrica?”. E todas são respondidas, surpreendentemente, com muito afeto.
A Fábrica, dirigido por Aly Muritiba, foi lançado em 2011 e é o primeiro curta da trilogia do cárcere do diretor. Precede O Pátio (2012) e A Gente (2013) — esses dois últimos ainda em circuito. Aly conhece a fundo o tema, trabalhou por sete anos como agente penitenciário em Curitiba enquanto estudava cinema. Talvez por isso, A Fábrica ganhe tanto em abordagem diferente do comum, em profundidade, em fuga de chavões.
Esse poder de conteúdo, aliado ao estético e ao trabalho dos atores, foi responsável por render ao filme 62 prêmios em festivais, incluindo três candangos no Festival de Brasília e menção do júri no tradicional Festival de Curtas de Clermont-Ferrand. Dada a vasta premiação, A Fábrica chamou atenção da academia e chegou a figurar entre onze pré-selecionados na edição deste ano do Oscar.
O filme completo está disponível no porta curtas, CLIQUE AQUI.