Por Luciana Ramos
Vivemos na era da glamourização da magreza e na sua aceitação como padrão de beleza ideal. Aonde quer que olhemos, nos deparamos com uma sucessão incontável de imagens que reafirmam esse pensamento como imperativo de aceitação social. Como consequência, doenças como anorexia e depressão são assustadoramente comuns na atualidade. Likeness, de Rodrigo Prieto, fala de tudo isso ao longo de seus oito minutos sem utilizar a narrativa clássica.
O entendimento do curta vem da justaposição das cenas. O filme começa com uma câmera subjetiva que passeia em uma festa com pessoas extremamente magras, algumas em poses que realçam seus corpos esqueléticos. Um filtro azul estiliza a imagem e a afasta de um tratamento realista. Em determinado momento, a câmera se afasta e revela Mia (Elle Faning), em um banheiro, olhando-se no espelho. Após uma cena super forte que revela a repulsa que a personagem sente por si mesma, somos conduzidos novamente a uma festa, agora repleta de adolescentes sadios e normais. Dai, concluímos que o início referia-se era na verdade ao olhar distorcido da personagem sobre si e aqueles que a rodeiam.
O curta é um excelente filme sobre distorções da autoimagem nos jovens; visualmente bem concebido, conciso e ao mesmo tempo extremamente relevante na crítica social.