Por Jenilson Rodrigues
Belo Horizonte ganha ares de cidade maravilhosa ao som de Cartola no tenso curta do diretor mineiro Samuel Rodrigues. Algumas cenas que retratam pontos específicos da área central da capital mineira, unidas a costumes típicos dos belorizontinos, como a cerveja no bar e o bom papo com os amigos, aliviam a aflição de uma trama misteriosa e enigmática.
A sensação de caos e ansiedade causada por uma narrativa apreensiva em muito se deve a dificuldade de se situar no tempo que está sendo retratado numa história repleta de fragmentos de acontecimentos e memórias entrecortadas por poucas cenas de ação. O silêncio em alguns momentos é utilizado em prol dessa tensão e se torna aliado de um ritmo que consegue perdurar por toda a obra. Em alguns instantes é possível que o espectador construa uma versão própria para o mistério acerca da união de poucos elementos e personagens disponíveis para essa interpretação. Existe ainda a possibilidade de que esse quebra-cabeça se redesenhe na mente de quem tentar decifrá-lo, transformando-o em algo bem mais complexo do que o engodo intrigante de 16 minutos construído em Rec.
O que pode acabar se tornando instigante ao acompanhar a trama fria e caótica é se deparar com alguns recursos que conseguem prender a atenção do espectador como o áudio de reportagens televisivas e radiofônicas. As informações estão embaralhadas e se espalham de forma confusa para construir um enredo que pode ganhar contornos imprevisíveis na cabeça de quem entrar em contato com essa incógnita ao dar o play no vídeo abaixo.