Por Wallacy Silva
Parece que Kathryn Bigelow encontrou seu “gênero”. Depois de ser a primeira mulher da história a ganhar o Oscar de melhor direção ao mostrar a rotina de soldados americanos no Oriente Médio em seu Guerra Ao Terror (ganhador de outras cinco estatuetas, incluindo a de melhor filme), ela retorna ainda mais contestada com A Hora Mais Escura, dessa vez abordando a caçada do até então inimigo número um dos Estados Unidos: Osama Bin Laden.
Maya (Jessica Chastain) é a personagem central, uma novata da CIA que chega ao Paquistão para ajudar na missão de encontrar o terrorista. O foco é no serviço de inteligência, o que envolve investigação, coleta de informações, contatos, agentes infiltrados, pistas falsas, tortura, desentendimentos de Maya com seus superiores… O ritmo do filme não é dos mais empolgantes, e quem quer ver uma ação militar tem que esperar pelo final.
O roteiro de Mark Boal é de estrutura bem simples (acompanha uma personagem que precisa superar dificuldades para atingir seu objetivo). Não cai na armadilha de fazer sensacionalismo (se não me engano o rosto de Bin Laden não aparece nenhuma vez, e a repercussão da busca na mídia é muito pouco mostrada no longa). A saga é acima de tudo pessoal. Maya é apresentada como uma killer, corajosa, fria e com forte personalidade, mas vai aos poucos revelando outros tons de seu aspecto emocional. O caso de proporções mundiais, que diz respeito ao orgulho dos americanos, em A Hora Mais Escura é o que coloca em cheque a honra da protagonista, que se cobra demais, principalmente porque ela perde companheiros durante a missão (alguns desistentes, outros mortos).
Difícil é justificar a duração do filme, que tem um segundo ato inchado pela série de dificuldades impostas à Maya e pelas cenas de tortura que mais parecem querer chamar a atenção do que ajudar no desenvolvimento da história. Nem mesmo a boa atuação da Chastain salva o filme de ser apenas razoável. O “gênero” de Bigelow não é política ou guerra, mas é se aproveitar de temas “quentes” para alcançar visibilidade, o que acaba supervalorizando seus trabalhos. Tiro o chapéu para quem aborda a contemporaneidade no cinema, mas isso não faz com que um filme seja excepcional.
A hora mais escura (Zero Dark Thirty)
Ano: 2012
Diretor: Kathryn Bigelow.
Roteiro: Mark Boal.
Elenco Principal: Jessica Chastain, Mark Strong, Jason Clarke, Kyle Chandler, Joel Edgerton, Edgar Ramirez, Jennifer Ehle.
Gênero: Ação.
Nacionalidade: EUA.
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