Por Heleni Flessas
Desafiador. Polêmico. Provocante. Estas são palavras que definem bem a nova obra de Anne Fontaine, diretora de Coco Antes de Chanel. Seria interessante observar quantas pessoas se chocariam com a premissa do filme: duas mulheres adultas e maduras se apaixonam, uma pelo filho da outra. É esperado que, por conta das concepções sociais do mundo, o espectador se sinta desconfortável quando apresentado com tal ideia. Mas aqui, Fontaine torna tudo um pouco mais natural, e conta com a ajuda de ótimas atuações e entrosamento dos atores.De acordo com a ideia popular, é esperado que duas mulheres maduras e com filhos crescidos sejam fiéis e íntegras. Em contrapartida, entende-se que dois jovens queiram aproveitar sua juventude, entre namoros e uma vida social agitada, mas parece estranho quando os mesmos desejam se envolver com mulheres mais velhas, com mais experiência. E é aí que Fontaine chega para desafiar esse conceito.

A química entre os quatro atores principais é extremamente importante para a obra. Com isso, tudo parece natural. Ambas as mães, amigas de longa data e que sempre conviveram perto uma da outra, sentem-se confortáveis festejando na companhia dos filhos. Lil, interpretada por Naomi Watts, é viúva. Roz (Robin Wright) tem um casamento estável, mas sofre com a constante distância do marido. Nesse aspecto, Fontaine mostra que não é só por ser mais velha que uma mulher não pode desejar alguém, sentir-se desejada, ser atraente e buscar diversão.

Filmado nas praias da Nova Gales do Sul, na Austrália, a obra conta com toda a ambientação e costumes do país, além do famoso sotaque. Fontaine é competente na direção e a fotografia mostra toda a exuberância do lugar. Entretanto, fica evidente ao final do filme que o ponto mais forte aqui é a atuação dada por cada um dos atores – tanto pelas mulheres como pelos rapazes.

O grande problema é que a obra é muito longa, e ao mesmo tempo consegue ser vaga e corrida. O clímax não chega a ser tão intenso quanto o tema propõe. Falta emoção e falta caos. Não há espaço para um melhor desenvolvimento dos personagens – não sabemos de onde vieram e o que fazem – e, nesse quesito, o filme poderia ter sido mais explorado.

Amor Sem Pecado traz uma nova proposta – retrata a sexualidade e intimidade feminina de maneira diferente e única. Não pretende somente ser polêmico, mas busca focar nas ansiedades da mulher madura e da figura materna. Claro, os aspectos técnicos e atuações ajudaram muito a apresentar um tema bastante intenso – mas, infelizmente, faltou mais calor, mais confusão, mais energia.

Cinemascope - Amor Sem PecadoAmor Sem Pecado (Adore)

Ano: 2013

Direção: Anne Fontaine.

Roteiro: Anne Fontaine, Christopher Hampton.

Elenco principal: Naomi Watts, Robin Wright, James Frecheville.

Gênero: Drama.

Nacionalidade: Austrália. França.

 

 

 

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