Eu fui assistir a Anos 90 por curiosidade. Não tinha grandes expectativas ou sabia algo do que eu ia ver, só tinha visto o cartaz em alguns lugares e por isso não sabia direito o que esperar, apenas que seria algo bom. E isso estava certo, é um filme muito bem realizado, com boas atuações, principalmente do protagonista. A fotografia é extremamente adequada ao tempo em que se passa a história, além da trilha sonora ser espetacular.
O longa de Jonah Hill conta a história de Stevie, um garoto com 13 anos de idade que está na fase de descobertas, experimentações e a um passo em direção à vida adulta. Filho de mãe solteira e um irmão complicado, ele é bombardeado com milhões de coisas acontecendo na mesma hora em sua vida.
Uma das coisas que me incomodou durante o filme foi a submissão da mulher e como a figura masculina é a todo momento algo que precisa ser reforçada. Tal imagem é colocada como resistente, inquebrável, forte, e é justamente aí que fica o coração do filme. Sabemos muito bem como a masculinidade é uma das coisas mais frágeis desse mundo, e Jonah Hill escolhe explorar isso de uma forma sincera e fazendo o “retrato da realidade”.
Conversando com uma amiga sobre esses pontos ela me disse que era algo da época, uma outra sociedade, e sempre fico pensando no quanto é complicada essa questão, pois, sabemos da importância de algo ser fiel ao real, mas também sabemos que não existe uma verdade, cada um tem seu subjetivo influenciando nessa equação onde o resultado é diferente para cada um. Por último, sabemos também como uma obra cinematográfica é um produto cultural formador de opinião e comportamentos.
Fico pensando sobre cenas como onde o protagonista “transa” com uma garota mais velha e ele é uma criança, ou quando na mesma cena ele fuma, se droga e afim. Não quero ser purista nem nada do tipo, mas por que não repensar essas situações? Por que cada um quer contar sua história, o que passou, seus sentimentos e dores que somente cada pessoa sabe. Mas temos formas de mostrar isso, seja de maneira delicada e sincera, como Moonlight, de Barry Jenkins (2018) ou brutal e com relações de violência e poder como em Cano Serrado, de Erik de Castro (2018).