Por Wallacy Silva
Aqui é o Meu Lugar tem como protagonista Cheyenne (Sean Penn), um roqueiro aposentado que vive uma rotina monótona, dentre a administração das ações que comprou, o relacionamento com a esposa Jane (Frances McDormand, Fargo), a tentativa de juntar a amiga Mary (Eve Hewson) com outro triste rapaz, o drama do sumiço do irmão de Mary e o trauma de suas músicas depressivas terem causado o suicídio de dois jovens. Tudo encarado com apatia e passividade, até o dia em que ele recebe a notícia de que seu pai, que não vê há 30 anos, está morrendo. Viaja para visitá-lo e falha, chegando tarde demais. Porém ele se depara com um desejo do pai, encontrar um criminoso nazista que o teria torturado na Segunda Guerra Mundial. E resolve agir, indo atrás do criminoso.
Assim começa a viagem do personagem pelos Estados Unidos, e ele acaba embarcando em uma jornada de autoconhecimento, se deparando com suas frustrações e medos. O problema maior do filme está justamente nesse segundo ato, que consiste basicamente em uma série de encontros e acontecimentos aleatórios que pouco parecem contribuir para a reflexão do protagonista. O diretor também investe em diversas cenas alegóricas, mas poucas funcionam. O momento em que ele passa com um carro em uma poça d’água e molha os pedestres, desce do carro para pedir desculpas mas confessa que fez de propósito é o retrato perfeito do protagonista até então: alguém que está em conflito, fazendo algo sem ter certeza de quais são as suas reais motivações. Por outro lado, sequências como a da carona que ele dá a um estranho ficam jogadas, sem propósito, durante o longa.
Como não poderia deixar de ser, o grande destaque é Sean Penn. O ator encarna um personagem excêntrico sem cair no ridículo. A fala e o andar pausados e o sorriso sem graça dão o tom à figura inocente e triste que está a todo o momento carregando sua mala de rodinhas, uma metáfora para o fardo do qual ele precisa se livrar. As pitadas de ironia que os roteiristas inseriram nos diálogos trazem à tona alguns momentos divertidos. E a trilha sonora de David Byrne é um capítulo à parte, dando mais vida e intensidade ao filme, não deixando de lado as raízes roqueiras do personagem.
Ao final percebemos que as falhas de roteiro persistem, pois todos os pequenos conflitos apresentados inicialmente ficam sem resposta. Ao menos nos deparamos com um personagem que está pronto para finalmente encará-los. Que está pronto para lidar com o impacto do tempo e deixar de lado a teimosia que o acompanha desde sua adolescência. Que está pronto pra viver de outra forma e lidar com novas experiências (assim interpretei o fato dele ter experimentado um cigarro, o que segundo Cheyenne era um dos únicos vícios que ele não adquiriu). E que captou perfeitamente qual seria o desejo do pai, com uma vingança carregada de sentimento.
Aqui é o meu lugar (This Must Be The Place)
Ano: 2011
Diretor: Paolo Sorrentino.
Roteiro: Paolo Sorrentino e Umberto Contarello.
Elenco Principal: Sean Penn, Frances McDormand, Judd Hirsch, Eve Hewson.
Gênero: Drama.
Nacionalidade: EUA.
Veja o trailer:
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