Bastardos

Por Aline Fernanda

Marco Silvestri (Vincent Lindon) trabalha como capitão de um navio porta-contêineres. O marinheiro está em alto-mar quando é obrigado a voltar urgentemente para Paris. Ele recebe a notícia de que o marido de sua irmã Sandra (Julie Bataille) cometeu suicídio. Suspeitando que o ato de seu cunhado foi motivado por alguma conspiração empresarial, Marco se aproxima da misteriosa Raphaelle (Chiara Mastroianni), amante do poderoso empresário Edward Laporte (Michel Subor). Porém, durante a investigação do caso, Marco descobre que sua irmã também escondeu alguns segredos.

A diretora Claire Denis é um dos nomes mais importantes do cinema francês contemporâneo. Ficou conhecida por filmes como Chocolate e 35 doses de rum. Já esteve na competição do Festival de Veneza em duas ocasiões. Bastardos esteve na Mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes.

A primeira metade do filme, a qual se preocupa em apresentar os personagens e colocar cada um na trama é muito boa, a fotografia é escura e sugestiva assim como todo o começo do filme. Tudo é sugestão. A diretora é conhecida por suas câmeras perto dos rostos e corpos dando textura do filme, e em Bastardos ela não faz diferente mostrando todos os sentimentos nos rostos e corpos dos atores.

O problema maior no longa é sua forma elíptica que acaba não funcionando e deixando várias pontas soltas. Como quando mostram a bicicleta do filho de Raphaëlle sendo encontrada por policiais no meio da mata e depois guardam a informação como se nunca a tivessem mostrado. Além de algumas subtramas que são apresentadas, mas parecem que só foram colocadas ali para tirar o foco do principal.

A história não traz identificação para o público principalmente por não ter os papéis bem definidos e pela distância dos personagens. A diretora apresenta personagens e você só sabe o que aconteceu com eles na superfície, o conteúdo subjetivo não é explorado como poderia ser. Até mesmo Marco que volta do navio onde trabalha para ajudar a irmã a resolver as questões psicológicas da sobrinha, que quase não aparece no filme e é mostrada como uma pessoa qualquer, não aparece como um personagem denso. Justo ele, que é movido por uma vontade de vingança enorme não causa empatia. E não é por conta das atuações, que são muito boas.

A diretora transforma a violência como algo simples e rotineiro, e o filme nada mais é do que contemplação disso tudo.