Branca de Neve e o Caçador

Por Wallacy Silva

Quer dizer que o Thor trocou seu martelo por um machadinho? E a Bella nem é tão branca assim! Em tempos de grande sucesso da saga Crepúsculo e dos Vingadores, o filme do diretor estreante Rupert Sanders não precisou se apoiar na fama dos atores pra impulsionar seu filme, pelo contrário, os dois parecem meros coadjuvantes diante do universo ao mesmo tempo original e tradicional de Branca de Neve e o Caçador.

A história é mais do que conhecida, e podemos dizer que sua essência foi mantida, com “era uma vez…”, a madrasta malvada Ravenna (Charlize Theron), o “espelho, espelho meu…”, a maça envenenada, os anões, e tudo mais. Mas claro que a história tem alguns ‘desvios’, e Branca de Neve (Kristen Stewart), o caçador (Chris Hemsworth) e o príncipe William (Sam Claflin) acabam protagonizando um triangulo amoroso, mas ele não é o tema central do filme, que na verdade é a saga da princesa que, com a ajuda do caçador, dos anões e do príncipe, vai em busca do exército que pode ajudá-la a tirar Ravenna do poder. A aventura se apoia nos efeitos especiais, que não são usados para enriquecer as batalhas, por exemplo, mas sim para construir com detalhes o mundo fantástico no qual estão os personagens, inerente a qualquer conto de fadas que se preze.

Enquanto Kristen Stewart e Chris Hemsworth têm atuações seguras, sem correr riscos, é sensacional a performance de Charlize Theron na pele da madrasta Ravenna, levando à tela uma personagem maléfica mas em profunda crise, em desespero, certa de que o seu poder depende de sua beleza, ensinamento que trouxe de uma experiência traumática na infância, o que é mostrado no filme através de um flashback. Ponto positivo vai também para a conclusão da trama, que não tem nenhuma ‘gordurinha’, nenhuma sobra, nos deixando diante de uma personagem que está certamente satisfeita por ter atingido seu objetivo. Fica a dúvida sobre o final do triângulo amoroso: quem é que ficou com a Branca de Neve? (Resposta que pode vir, talvez, em uma sequência?).

Branca de Neve e o Caçador está longe de ser um dos melhores filmes do ano, mas figura entre os mais eficientes. Fugindo de uma série de clichês (fiquei realmente feliz ao perceber que não tentaram ‘embranquelar’ a Kristen Stewart, por exemplo) e abusando de uma série de outros (oras, não seria o cinema a arte do clichê?) o diretor nos entrega uma história baseada em um conto universal, mas que é única e só dele.

Branca de Neve e o caçador (Snow White and the Huntsman)