Por Verônica Petrelli

Se tem uma coisa que podemos falar do documentário Design Disruptors é que ele é um filme totalmente além dos clichês. Afinal, reunir em uma única obra depoimentos dos maiores designers de interface e de UX (user experience) do mundo, com nomes do Facebook, Airbnb, Google, Netflix, Twitter, Dropbox, Mailchimp e outros, não é para qualquer um. Trata-se de uma coletânea muito rica de ideias de especialistas que mostram como o design é fundamental para o sucesso das empresas e deve sempre fazer parte das decisões mais estratégicas.

O documentário começa com a discussão do conceito ‘disruptor’. Trata-se de quebrar conceitos muito tradicionais, de transpor a barreira do conhecido e propor algo totalmente diferente, de inovar e dar o melhor de si a cada dia. Cada profissional do filme comenta sobre sua visão de ‘disruptor’ e dá exemplos de como o designer deve pensar a profissão. O consenso de todos os especialistas é de que design é resolução de problemas. É olhar para um objeto ou uma interface e pensar em como torná-lo útil para o usuário, como deixar a vida dele mais simples, como ajudar a resolver os seus problemas. Esse é o maior conceito por trás da profissão.

Outro ponto bastante discutido é o fato do design ser um organismo vivo, que está em constante mudança, principalmente se levarmos em consideração o design de interfaces. De acordo com Daniel Burka, Design Partner do Google Ventures, quem não projeta um produto flexível e esquece de pensar nas modificações que ocorrerão no futuro estará fadado ao fracasso.

Há também uma discussão muito interessante trazida por John Maeda, Design Partner da Kleiner Perkins Caufield Byers. Ele afirma que não podemos chamar design de arte, as duas áreas são muito distintas. A arte é o ato de fazer perguntas, enquanto o design é o ato de trazer soluções. Na arte você pode elaborar algo que não faça sentido para gerar questionamentos na cabeça do espectador, mas no design as coisas devem fazer sentido e trazer o máximo de praticidade para o usuário.

Outra questão importante é pensar que pessoas das mais variadas culturas e com as mais diferentes referências vão acessar o seu produto. É o que diz Julie Zhuo, Vice-Presidente de Design de Produto do Facebook. De acordo com ela, o profissional não pode desenhar uma interface pensando que ela é útil para ele como designer, e sim para as milhares, bilhares de pessoas de vários lugares do mundo que deverão se identificar com o produto. Por isso que a pesquisa de campo é tão relevante, ir às ruas e entender como os usuários pensam.

Essas são somente algumas das diversas discussões extremamente ricas que são trazidas à tona pelo Design Disruptors, que possui uma edição muito eficiente, intercalando entrevistas com elementos gráficos do design. O documentário reuniu porta-vozes de grandes empresas e startups que, combinadas, somam $1 trilhão de dólares em valor de mercado e revolucionaram em suas respectivas áreas de atuação. O filme é uma grande referência não só para profissionais da área, como também para leigos que, assim como eu, têm curiosidade de entender a importância estratégica que o design desempenha na vida das companhias e principalmente das pessoas.

Infelizmente o documentário não entrará em circuito no Brasil, mas estará disponível para compra em breve na Apple Store. Aqueles que tiverem interesse podem se cadastrar no site Design Disruptors para receberem uma notificação tão logo o filme esteja pronto para download.

Design Disruptors

Design Disruptors

Ano: 2016

Direção: Matt D’Avella

Gênero: Documentário

Produtora: Invision

Nacionalidade: EUA

Assista ao trailer: