Por Jenilson Rodrigues

A trama gira em torno do jovem Heli (Armando Espitia), humilde, de família pobre e que vivia da forma mais simples possível dividindo seu tempo entre o trabalho noturno numa fábrica de automóveis e passatempos entediantes. Em sua pequena casa viviam sua irmã adolescente Estela (Andrea Vergara), seu pai, sua esposa e uma filha ainda bebê. O que acaba trazendo contornos inesperados para o destino da família é o envolvimento de Estela com Beto (Juan Eduardo Palacios), outro adolescente que, cansado da vida dura e do sofrimento, decide pegar um atalho perigoso na intenção de escrever uma história diferente para si mesmo e para Estela. O que ele não esperava eram as consequências desastrosas – para ele e para toda a família de Heli – que poderiam estar por trás de tal escolha.

O premiado filme do diretor Amat Escalante chocou a plateia do Festival de Cannes em 2013. Há cenas fortíssimas de violência e de tortura. E toda essa violência é ampliada ainda mais com o envolvimento de crianças. Uma dura sequência, mas que retrata de forma fiel toda a frieza e crueldade presente no mundo do narcotráfico. Em alguns instantes chegamos a nos lembrar de Cidade de Deus (2002), porém, é difícil dizer qual dos dois filmes impressiona mais ou se aproxima mais da realidade. E assim como aconteceu na obra de Fernando Meirelles, existe todo um trabalho incrível de produção para fazer de Heli muito mais do que um filme violento.

A todo o instante somos surpreendidos com tomadas que contemplam uma bela paisagem árida, funcionando como uma válvula de escape para a apreensão causada por cenas mais tensas. A utilização de recursos naturais se faz presente durante todo o longa, tanto em planos abertos quanto em cenas internas, onde a luz do sol é bem aproveitada, criando um clima de proximidade entre o espectador e o ambiente retratado.

O silêncio também é muito valorizado e bem explorado. Algumas cenas muito lentas contêm pouquíssimo diálogo e quase nenhuma ação, porém, se mostram repletas de significado. A maior parte dos sons utilizados também se aproxima da naturalidade, algumas músicas quebram a calmaria, mas de forma alguma destoam do clima mantido durante todo o filme.

A atuação de todo o elenco também surpreende, principalmente do protagonista Armando Espitia. Acompanhamos durante o desenvolvimento do longa a transformação incrível pela qual seu personagem passa. Tais acontecimentos em sua vida só nos fazem refletir sobre como pequenos detalhes podem ser suficientes para desestruturar toda uma história, e ainda como o mal às vezes precisa apenas de uma pequena fresta para invadir um ambiente onde até então parecia reinar a paz.

Cinemascope-Heli (9)Heli

Diretor: Amat Escalante

Roteiro: Amat Escalante, Gabriel Reyes

Elenco Principal: Armando Espitia, Andrea Vergara, Juan Eduardo Palacios, Linda González

Gênero:Drama, Thriller

Nacionalidade: México

 

 

 

 

 

Confira o trailer:

 

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