Por Aline Fernanda

 

O quarto longa da cineasta Tata Amaral (Um Céu de Estrelas; 1996, Através da Janela; 2000 e Antônia; 2006) levou o Candango de Melhor Filme, além dos prêmios de Melhor Roteiro, Direção de Arte, Melhor Fotografia e Melhor Atriz para Denise Fraga no Festival de Brasília em 2011.Hoje conta a história de Vera (Denise Fraga), ex-militante política da ditadura militar brasileira (1964-1985), que recebeu do governo uma indenização pelo desaparecimento do seu marido Luis (o uruguaio Cesar Trancoso) durante as repressões da época. Pensando em ter uma nova vida Vera compra um apartamento, mas no dia da mudança recebe uma visita de um dos seus fantasmas que a força a rever toda sua trajetória.

O longa foi todo rodado em um apartamento durante três semanas e foi finalizado na Itália. A intenção de gravar o filme no mesmo cenário era de dar um tom mais intimista e silencioso e porque não dizer que é também uma história de amor. “É um filme sobre saudade e perda”, disse Amaral, que ficou viúva do primeiro marido aos 19 anos, quando a filha do casal tinha três meses. Pensando em todos esses aspectos que optou por poucos personagens, além dos protagonistas, há dois carregadores, uma vizinha e uma amiga, o que pode ter surgido para mostrar a limítrofe entre mundo real e nossos sentimentos, “Busquei encontrar uma forma de expressão que desse às emoções um status de coisa concreta. O que Vera e Luis sentem está no mesmo plano que as caixas e os carregadores que fazem a mudança.”

Apesar do filme ter muitos elementos que nos faz lembrar do teatro – tudo se passar no mesmo lugar, em um só dia e ter dois personagens centrais, além da falta de flashbacks – , o filme foi muito bem montado e realmente tem todas as proporções cinematográficas de um bom filme.

Tata Amaral deu entrevistas para alguns sites de entretenimento onde falou do livro que adaptou para seu filme, “O livro de Fernando Bonassi, Prova Contrária me trouxe a oportunidade de contar a história de Vera, que, para tocar sua vida em frente, precisa encontrar fatos de seu passado. A história de “Hoje” me emociona. Acredito que ela pode emocionar a todos os que, de alguma forma, convivem com a ausência de alguém querido. O filme se propõe também a refletir sobre o passado recente do Brasil, ligado à militância política”, disse Amaral.

Denise Fraga, que é conhecida por seus papéis cômicos, diz considerar Vera sua personagem mais dramática e uma das mais complexas. “Ela tem muitas camadas: quer esquecer, quer lembrar, tem orgulho, tem ódio. Tudo é muito ambíguo, há um show de contradições dentro dela”, disse a atriz antes da apresentação do longa no 7 ° Festival de Cinema Latino – Americano, no qual estive presente. “Acho que histórias íntimas como essas, que falam sobre o misto de sentimentos que envolvem esse período, podem nos ajudar a ir sovando a massa.” E comentou também que esse é um trabalho muito importante para ela e gostaria que fosse também para o Brasil, por se tratar de um filme de sutilezas.

Sem investimentos para a divulgação, a diretora conta com o boca a boca do público para que o filme possa ser visto nas 12 salas em que entra em cartaz em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Maceió. “Não tenho nenhuma estratégia a não ser torcer para que as pessoas queiram ver um filme brasileiro”, afirmou.

 

Hoje (3)Hoje

Ano: 2011

Diretor:  Tata Amaral.

Roteiro: Jean-Claude Bernardet, Rubens Rewald, Felipe Sholl.

Elenco Principal: Denise Fraga, Cesar Troncoso.

Gênero: Drama.

Nacionalidade: Brasil.

 

 

 

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