Por Wallacy Silva
Menos que Nada conta a história de Dante (Felipe Kannenberg), um rapaz que foi diagnosticado esquizofrênico e está abandonado há 10 anos em uma clínica. Então aparece Paula (Branca Messina, Não por Acaso), que vai fazer residência nessa clínica e resolve utilizar Dante como objeto de estudo do seu trabalho de conclusão de curso. Através dos nomes das três únicas pessoas que tinham visitado Dante na clínica, Paula começa a colher depoimentos para desvendar o passado do misterioso paciente.
O desenvolvimento da narrativa é inteligente e prende o espectador, pois a história se desenvolve na medida em que vão se juntando as versões cedidas por cada um dos entrevistados por Paula, ao mesmo tempo deixando buracos a serem preenchidos posteriormente e pistas que apontam para a resolução da trama. Depois de assistir os depoimentos em vídeo, o paciente, surpreendentemente, reagiu e resolveu se expressar, pedindo para dar seu próprio depoimento. Aí mais uma interpretação da história se abre, já que o espectador pode considerar ou não a versão dada por Dante.
O filme é tecnicamente seguro e conta com boas atuações, mas deixa a desejar por não se aprofundar em nenhum dos assuntos que aborda, tornando-se um mero passeio pelo passado real e irreal do protagonista. O filme começa com Dante ainda criança e com um episódio possivelmente traumático para o protagonista, envolvendo até a moral religiosa da mãe, porém o tema permanece intocado no decorrer do filme. Já a perspectiva de Paula propõe uma abordagem mais humana do que científica no tratamento dos pacientes com problemas psicológicos, mas isso acaba sendo minimamente mencionado no final, quando acompanhamos um trecho da banca da estudante.
A principal e central temática, recorrente na filmografia do diretor Carlos Gerbase, é a da imaginação. Em uma palestra, a pesquisadora René Heller (Rosanne Mulholland, A Concepção) menciona que a imaginação foi a responsável pelo desenvolvimento dos homens pré-históricos e que foi ela que fez o homem se tornar o homem que conhecemos. Já em um dos depoimentos sobre Dante a amiga dele Berenice (Maria Manoella, Nossa Vida Não Cabe Num Opala) sugere que o excesso de imaginação é prejudicial e fala que deveríamos ter um botão que simplesmente a desliga. Fica clara a intenção do diretor de apresentar um personagem que mergulhou por inteiro no mundo da imaginação, a ponto de não saber mais distinguir o que é e o que não é real.
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Ano: 2012
Diretor: Carlos Gerbase
Roteiro: Carlos Gerbase, baseado no conto “O Diário de Redegonda”, de Arthur Schnitzler.
Elenco Principal: Felipe Kannenberg, Branca Messina, Rosane Mulholland e Maria Manoella.
Gênero: Drama
Nacionalidade: Brasil
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