Parece simples, mas Muito Barulho por Nada é muito mais complexo do que aparenta. E é ainda mais graças à decisão de Whedon em manter o texto original, que rende resultados agridoces: por um lado é muito interessante observar figuras do século XXI (com direito à festas com ipod) se comunicando através de palavras arcaicas e quase declamando-as como uma peça de teatro, mas também pode causar um certo estranhamento àqueles não familiarizados com a obra original de Shakespeare (eu, inclusive). Ainda assim, é uma obra minimalista em execução: o diretor Joss Whedon rodou o filme todo em sua casa em um período de duas semanas (enquanto iniciava a pós-produção do megablockbuster Os Vingadores), uma decisão que – mesmo trazendo um tom quase que amador à produção – empalidece.
Se saem bem os atores, ao menos. Aposto que a peça de Shakespeare deve vir como algum tipo de exercício em escolas de atuação, então a maioria do elenco entrega performances inspiradas e vívidas, como se estivessem de fato encenando a obra em um palco. A começar pelo excelente Alexis Denisof, que constrói seu retrato de Benedick em uma acertadíssima variação de egocentrismo e carência, rendendo resultados divertidíssimos (“Vou procurar uma foto dela para admirar”) e uma química interessante com a Beatrice de Amy Acker – cuja performance segue com eficiência o mesmo padrão de dissonâncias optado por Denisof – e ver os dois entrando em conflito quando descobrem certas mentiras no ato final é espetacular.
Entrando na lista de adaptações “radicais” de obras clássicas, Muito Barulho por Nada agrada por seu ótimo elenco, mas deve cansar aqueles não acostumados com a obra de Shakespeare. De qualquer forma, vale a experiência de encarar uma abordagem diferente.
Muito barulho por nada (Much ado about nothing)
Ano: 2012
Diretor: Joss Whedon.
Roteiro: Joss Whedon.
Elenco principal: Alexis Denisof, Amy Acker, Fran Kranz.
Gênero: Comédia, Drama, Romance.
Nacionalidade: EUA
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