Por Soraya Yumi

Indicado ao Globo de Ouro como Melhor Filme Estrangeiro em 2012 e vencedor na categoria de Menção honorável na cerimônia de Sarajevo Film Festival, o primeiro longa-metragem como roteirista e diretora de Angelina Jolie busca atingir um público adulto já que em sua trama desenvolve um romance “brutalmente honesto”, nas palavras da atriz Zana Marjanovic, ambientado na Guerra da Bósnia, nos anos 90. As gravações foram feitas em Budapeste e Komárom-Esztergom, na Hungria, e Angelina fez questão que seu elenco fosse constituído apenas de atores da região. A ideia do roteiro foi após sua viagem para a Bósnia e Herzegovina como embaixadora da boa vontade; durante o processo do roteiro, Jolie consultou um dos diplomatas que participou da construção do Acordo de Dayton (acordo que colocou fim a Guerra da Bósnia), o General Wesley Clarck que foi o diretor dos planos e políticas estratégicas, entre outros.

O romance entre Danijel (Goran Kostic), um oficial bósnio sérvio, e Ajila (Zana Marjanovic) uma bósnio muçulmana, se dá de duas perspectivas, antes da guerra e durante a guerra da Bósnia. Danijel é filho do General Nebojsa e ficou encarregado de cuidar de um campo de prisioneiros, e neste mesmo campo descobre que sua amada de outrora é uma das prisioneiras. Estas, anteriormente retiradas de suas casas à força para que obrigatoriamente fossem ajudar nas tarefas como, lavar roupa, cozinhar, servir café, arrumar a sujeira do quartel, etc. e obviamente em meio à toda brutalidade, a devastadora maioria destas mulheres bósnio muçulmanas também era estuprada. O filme transmite o atrito político-religioso entre os bósnio muçulmano e bósnio sérvio, sendo assim, Ajila é muçulmana e Danijel, bósnio; temos então um amor “impossível”. A construção destas duas personagens possui um andamento de acordo com o da guerra, mistura de conflitos externos e internos, duas perspectivas diferentes, que por um momento do filme você já não sabe se ainda se amam.

Por momentos poderíamos pensar no absurdo mostrado, que talvez fosse um exagero da parte de Angelina, contudo, podemos lembrar que são cenas de guerras; e inclusive uma delas, de acordo com Jolie, quando perguntada sobre a rodagem de seu primeiro longa afirma que “a pior cena para mim é quando os soldados ordenam em tom de gozo a três mulheres mais velhas para se despirem e dançarem nuas. Jamais imaginamos ordenar isto a alguém, e senti-me realmente mal. Esta foi uma cena que me foi contada por uma mulher e ela ainda se emocionava a conta-la”, ou seja, o absurdo mostrado provavelmente aconteceu de fato. Pelo roteiro podemos notar que Jolie ainda tem muito chão como roteirista, pois a construção das personagens não são definidas, surgem personagens da mesma forma que desaparecem na história; é como se ela tivesse esquecido, por exemplo, deu espaço de importância para tal personagem e depois fez com que ele desaparecesse sem termos ideia de seu espaço na trama; ou seja, temos um roteiro que não está completamente amarrado. Os diálogos são fraquíssimos, não dá para saber se é pelo simples fato da fraqueza na construção das personagens, mas que são fracos e rasos, isso sim podemos afirmar. Não há nada de impressionante na atuação também, contudo, possui uma fotografia boa, que vale a pena ser observada.

Outro ponto de extrema importância é a escolha do tema. É preciso ter bastante confiança em si para escolher o tema “Guerra da Bósnia” como primeiro filme para dirigir e roteirizar, pois é um assunto que está relacionado não à apenas uma pessoa, mas sim à uma nação multicultural com um ferida muito recente. Todos sabem que Angelina tinha apenas boas intenções em dar vida a este filme, contudo, sua vontade foi tanta que acabou esquecendo de observar melhor a unidade de sua obra. Na Terra de Amor e Ódio não pode ser considerado um ótimo filme do gênero, nem de “melhor romance brutal”; mas também não entra na lista de piores filmes da história, sendo assim, ainda há esperanças de que Angelina Jolie possa se tornar uma boa diretora e roteirista, isso apenas poderá acontecer se ela estiver ciente de que a função de diretora e roteirista são diferentes de suas funções humanitárias.

 

Cinemascope---Na-Terra-de-Amor-e-Ódio-PosterNa terra de amor e ódio (In the Land of Blood and Honey)

Ano: 2011

Diretor: Angelina Jolie.

Roteiro: Angelina Jolie.

Elenco Principal: Goran Kostic, Zana Marjanovic, Rade Serbedzija, Nikola Djuricko, Boris Ler, Alma Terzic, Vanesa Glodjo.

Gênero: Drama.

Nacionalidade: EUA.

 

 

 

Veja o trailer:

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