Nove crônicas para um coração aos berros

Por Aline Fernanda
Larissa não gosta mais de Mário. Leopoldo não sabe se vai ou se fica. Júlio ainda vive com a mãe. Simone cansou de ser prostituta, Vanise se lembrou o que significa ser mulher. Philipp não quer voltar para a Alemanha. Carol carrega um cemitério de lembranças. André quer fazer uma música diferente. Denise decide viver novas experiências enquanto há tempo. Nesse surpreendente mosaico de relações humanas e situações cotidianas, homens e mulheres de diferentes idades sentem uma intensa necessidade de se reinventar.Nove crônicas é o longa-metragem independente de estreia do diretor Gustavo Galvão, que assinou o roteiro junto com Cristiane Oliveira. O filme foi lançado na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 2012, e em entrevista o diretor afirmou que “Eu tinha outro projeto de longa-metragem em andamento, batendo na trave de alguns editais, e sentia a urgência para dirigir. Então tomei a decisão radical de filmar, mas não tinha nada pronto. Reuni então coisas que tinha escritas e, com a ajuda da Cris (Cristiane Oliveira), escrevemos um roteiro de nove histórias individuais que se conectam através de personagens em momentos de reinventar suas vidas. Juntamos atores e técnicos que embarcaram no nosso projeto sem ganhar inicialmente por ele e rodamos aos fins de semana. É um filme que vai do drama intimista ao nosense, propositadamente irregular, como acho que é a vida”.

Como o diretor mesmo afirmou foi feito às pressas e quase tudo o que é feito às pressas não funciona muito bem, infelizmente o longa não fugiu a essa regra. As nove histórias teriam tudo para funcionar, mas são muitas para um longa de 95 min que, a meu ver, pareceram muito mais. Nada é amarrado e os personagens apesar de quererem reinventar, suas histórias não saíram do lugar.

O diretor escolheu os cenários escuros, bagunçados, paredes descascando, toalhas e roupas sujas, lugares sujos e pichados para retratar o estado de cada personagem, e realmente foi isso que pareceu, a prostituta que apesar de estar na profissão desde os 15 anos ainda não se acostumou com a vida, o alemão que não quer demolir o prédio que não passa de ruínas, entre outras histórias.

Os atores não tem oportunidade de mostrar o que são capazes, me refiro aqui principalmente a Simone Spolladore que sempre tem atuações muitos boas, é tudo muito raso e banal. E tem algumas atuações que são apenas leituras de roteiro, sem vida, assim como seus personagens.

O longa é uma bagunça e causa um certo cansaço por não sair do lugar e não se aprofundar em nada. As histórias poderiam, sim, ter sido bem aproveitadas. Mas infelizmente o que se vê é um catado de várias coisas que no final das contas não são nenhuma.

Nove crônicas para um coração aos berros