Por Lívia Fioretti
Se você está familiarizado com o trabalho de Wes Anderson sabe que o diretor possui um estilo muito característico, que resulta em dois tipos de públicos: o que ama e o que odeia. Caso você seja fã de grandes elencos, paletas de cores vibrantes e histórias fantásticas, bem vindo ao clube! Mas caso você seja do outro time, eu também recomendo que assista O Grande Hotel Budapeste. E de preferência no cinema, ele merece uma tela grande.
Contado por um escritor (Jude Law), a história gira em torno do concierge Monsieur Gustave (um Ralph Fiennes que não tem nada de Lord Voldemort) e seu fiel escudeiro Zero Mustaffa (o estreante Tony Revolori), que se envolvem na briga causada pelo testamento de Madame D. (uma IRRECONHECÍVEL Tilda Swinton), onde está em jogo um quadro de preço inestimável.
Uma das marcas do diretor é a adaptação de obras literárias para o cinema, e Hotel Budapeste não foge da regra. O filme é livremente inspirado nos trabalhos de Stefan Zweig, um escritor austríaco que morreu em terras tupiniquins (Petrópolis/RJ) na década de 1940. Com um quê de fantasia e ilusão, o roteiro mistura o mundo da imaginação a uma aura melancólica… Aliado a frames certinhos, uma trilha sonora incrível e a clássica estética impecável resultando em um dos melhores retratos do estilo de Anderson.
Como é de se esperar, o elenco não desaponta. Além dos atores já citados temos Tom Wilkinson, F. Murray Abraham, Jude Law, Saoirse Ronan, Adrien Broody, Owen Wilson, Willem Dafoe, Edward Norton, Léa Seydoux e claro… Bill Murray! Mesmo assim, os principais destaques vão para os protagonistas: Revolori e Fiennes, que constrói seu personagem de forma cativante e complexa.
Outra marca registrada de Anderson é o abuso da cor, principalmente das quentes. A paleta deste filme é supersaturada e parece ter sido inspirada nos anos 1970, onde o vermelho é comumente contrastado com o branco, além da forte presença do azul. O resultado são cenas esteticamente ótimas, independente de sua simplicidade.
O figurino, o cenário e a trilha sonora também possuem grande importância na trama, refinando ainda mais o humor, explícito pela teatralidade dos atores. Como em outros filmes do diretor, há cenas onde a câmera é posicionada atrás de binóculos usados pelas personagens (principalmente pelo policial representado por Edward Norton), assim como fazia Hitchcock.
Como sempre, o mundo de Wes Anderson parece uma casa de boneca em tamanho real, e o O Grande Hotel Budapeste não foge do estilo: o interior clássico (e um pouco brega) e o visual grandioso dão a impressão de que estamos olhando dentro de uma lanterna mágica super colorida. O espectador se sente observando à distância um universo extremamente detalhado, como se estivesse mergulhando na neve do país-fantasia Zubrowka. Um mergulho profundo e delicioso.
O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel)
Ano: 2014
Direção: Wes Anderson
Roteiro: Hugo Guinness, Stefan Zweig, Wes Anderson
Elenco Principal: Ralph Fiennes, Toni Revolori, Jude Law, Saoirse Ronan, Adrien Broody, Edward Norton e Bill Murray
Gênero: Comédia, Drama
Nacionalidade: Estados Unidos, Alemanha
Confira o trailer:
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