Por Wallacy Silva
Uma jogatina de pôquer protegida pela máfia é assaltada por dois homens. O principal suspeito de ser o mandante da ação é Markie Trattman (Ray Liotta), um dos comandantes da tal jogatina. Os “chefões” da máfia contratam então um assassino, Cogan (Brad Pitt), para encontrar os responsáveis pelo assalto e eliminá-los.
Dominik faz decisões estéticas interessantes, como no assassinato que é exibido em câmera lentíssima (remetendo ao softly ou suavemente do título original) ou no diálogo em que o personagem Russel (Mendelsohn) está completamente dopado, no qual são inseridas imagens e sons que remetem a sua condição de êxtase. Mas as qualidades ficam por aqui. Baseado praticamente em diálogos, o filme caminha em ritmo lento, e tenta emular cenas de “papos” consagrados como os de Cães de Aluguel ou Pulp Fiction. No caso de Tarantino, são conversas que falam muito, nas entrelinhas, sobre as características dos personagens. Já no caso de Dominik, alguns dos diálogos o fazem, mas na maioria das vezes eles são meros artifícios, que em nada contribuem com o andamento da história.
Há ainda uma inserção exagerada, durante todo o longa, de televisões com discursos dos candidatos à presidência dos Estados Unidos em 2008, Obama e Mcainn, tentando criar um plano de fundo político e traçar um paralelo entre política e criminalidade. Muito se fala de economia, tema em alta na época, dos gigantes de Wall Street… tudo para culminar em um discurso final no qual o personagem de Pitt coloca em cheque o discurso de Obama sobre a união dos americanos e o patriotismo, falando que é tudo um negócio, que os grandes engolem os pequenos, que é cada um por si… ora, vivemos em um sistema capitalista, isso já não era, infelizmente, óbvio?
Em uma mostra de um roteiro mal estruturado, o personagem Mickey (James Gandolfini) aparece pouco, mal adiciona à história, e seu desfecho sequer é mostrado. Destaco a atuação de Scoot McNairy, principalmente quando seu personagem está pressionado por Cogan, momento em que ele consegue expressar muito bem a mistura de medo e confusão que seu personagem encara.
Em suma, o filme cria um plano de fundo que fala sobre uma nação-empresa, feroz por dinheiro, e subitamente isso vem para o primeiro plano. Todos os cidadãos estão sujeitos às regras do capitalismo, inclusive os criminosos, e parece que Andrew Dominik se impressionou com essa “descoberta” a ponto de escrever um roteiro baseado nisso. O Homem da Máfia alcança um fracasso duplo: é um filme de máfia frustrado, que faz uma crítica política-social frustrada.
O Homem da Máfia (Killing Them Softly)
Ano: 2012
Diretor: Andrew Dominik.
Roteiro: Andrew Dominik, baseado no livro “Cogan’s Trade”, de George Higgins.
Elenco Principal: Brad Pitt, Ray Liotta, James Gandolfini.
Gênero: Policial.
Nacionalidade: EUA.
Veja o trailer:
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