Por Luciana Ramos
Na ilha japonesa de Amami-Oshima, uma misteriosa morte perturba os moradores. Durante a noite da tradicional dança de agosto, o corpo de um homem aparece flutuando no mar.
O incidente não é o foco do novo longa da diretora Naomi Kawase, mas serve como gatilho para emergir questões internas e mal resolvidas do jovem casal Kyôko (Jun Yoshinaga) e Kaito (Nijirô Murakami): do lado dela, os anseios românticos e a compreensão da inevitabilidade da morte e, da parte dele, o afastamento do pai e o péssimo convívio com a mãe, além da angústia provocada por um segredo que costura toda a trama.
Assim, em meio a planos contemplativos de uma comunidade pesqueira, as crises existenciais costumeiras ao processo de formação de identidade se une ao difícil aprendizado sobre morte, negação, perda, importância da espiritualidade, amor e outras questões humanas.
A sutileza da abordagem é obtida através do alongamento das cenas e consequente dilatamento do tempo. Da mesma forma, a narrativa ganha complementação visual com a utilização da câmera na mão em momentos importantes da trama, o que acentua o teor subjetivo dos conflitos.
A relevância de O Segredo das Águas está no seu tom intimista e no fato de oferecer muitos questionamentos e poucas respostas. O processo de descoberta e aprendizado de Kyoto e Kaito é inerente à condição humana e, por conta disso, merece ser assistido.
O Segredo das Águas (Still the Water)
Ano: 2014
Diretor: Naomi Kawase
Roteiro: Naomi Kawase
Elenco Principal: Nijirô Murakami, Jun Yoshinaga, Miyuki Matsuda.
Gênero: romance, drama
Nacionalidade: Japão
Veja o trailer: