Por Breno Bringel
Mais recente filme de Joaquim Trier, Oslo, 31 de Agosto é uma belíssima obra sobre a efemeridade da vida e como o futuro pode nos reservar o que não esperamos.
Narrando um dia na vida de Anders, ex-dependente químico que recebe autorização para deixar a clínica de reabilitação por um dia, a fim de comparecer em uma entrevista de emprego, Trier já inicia o longa com narrações em off e cenas entrecortadas de falsos arquivos, mostrando o quanto os bons momentos da vida são efêmeros e nostálgicos.
O filme é hábil em apresentar também um forte retrato da depressão. Nos mostrando sempre o ponto de vista do personagem principal, Trier, inclusive, ressalta a vulnerabilidade de Anders por meio de suas escolhas estilísticas para o filme, como a alternância do foco em algumas cenas e uso da câmera sempre próximo ao rosto do personagem. Nesse sentido, a cena, logo no início do longa, em que o personagem tenta o suicídio é de um impacto absurdo.
A jornada de Anders representa sua morte aos poucos, não apenas física mas também e, principalmente, espiritual. Inicialmente sóbrio, o personagem vai paulatinamente retornando ao seu antigo estilo de vida, a princípio às bebidas alcoólicas para, no fim, sucumbir novamente às drogas.
Grande trunfo do filme, ainda, o ator Anders Danielsen Lie (que, curiosamente, possui o mesmo nome do personagem principal) consegue transmitir de maneira ímpar a angústia e desespero de Anders em ter que retornar a sua estagnada vida cotidiana.
Finalizando o longa mostrando os locais percorridos pelo protagonista, agora vazios, provocando, assim, um misto de melancolia e nostalgia no espectador, Trier encerra esse que é um dos melhores filmes dos últimos anos.
Diretor: Joaquim Trier
Roteiro: Joachim Trier e Eskil Vogt, baseado no romance de Pierre Drieu La Rochelle.
Elenco Principal: Anders Danielsen Lie, Hans Olav Brenner, Johanne Kjellevik Ledang, Ingrid Olava.
Gênero: Drama
Nacionalidade: Noruega
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