Crítica do filme Prometheus

Por Soraya Yumi

Os fãs de Alien – O 8º passageiro (1979), do cineasta britânico Ridley Scott,finalmente poderão apreciar o prelúdio Prometheus(2012), escrito por Jon Spalhts e Damon Lindelof (um dos criadores da série Lost). A última produção de Scott, pertencente ao gênero sci-fi, foi Blade Runner – o caçador de andróides (1982). Portanto, 30 anos distanciado do gênero que o consagrou já era de se esperar possíveis alterações na retomada da franquia, ainda mais quando se tem Damon Lindelof envolvido no roteiro de Prometheus. O prelúdio de Alien pode trazer frustrações aos fãs, já que o caráter terrorfoi basicamente eliminado; possui poucas cenas de ação; traz questionamento existenciais; aborda religião vs. ciência, o que na teoria deixaria o enredo interessante, na teoria.

A escolha da protagonista foi essencial para o sucesso da personagem Elizabeth Shaw, interpretada pela sueca Noomi Rapace (da trilogia Millenium). O momento em que a atriz chama a atenção do público está justamente na cena ‘clássica’ do sofrimento, sempre esperada no filme de Scott. Além da bela performance, a atriz teve aulas para conseguir falar o inglês britânico e ainda declarou que por ter gravado intensamente por seis meses, às vezes ficava com dores no corpo, mas que apesar dos pesares, “foi absolutamente incrível.”

Na trama, em 2089, a arqueóloga Elizabeth Shaw descobre mais pinturas antigas no interior de uma caverna em meio às montanhas escocesas. Por conta de sua pesquisa, feita juntamente com seu companheiro-arqueólogo, Charlie Holloway (Logan Marshall-Green; Across the Universe), ambos são contratados pela empresa Weyland Corporation para participarem de uma expedição científica por meio da nave Prometheus, rumo ao planeta LV-223.

A expedição científica tem como primeira intensão comprovar a teoria dos arqueólogos de que os criadores dos seres humanos habitam o planeta LV-223, está certa. Consequentemente, Shaw almeja ter as respostas que mais perturbou a mente humana desde a sua existência: por qual razão criaram os seres humanos? Qual o motivo de terem abandonado sua criação?

Toda a tripulação dormia em função do sono criogênico e estavam sob a observação de David (Michael Fassbender; Bastardos Inglórios e X-men – primeira classe), um androide. Em 2093, a tripulação que nada sabia sobre a expedição fora acordada pela Diretora da Missão, Meredith Vickers (Charlize Theron, Monster – Desejo Assassino), pois já estavam perto do destino. Ao chegarem no planeta LV-223, muitos acontecimentos trazem a mente do telespectador dúvidas sobre as personagens e sobre o desenrolar do enredo. Ao final do filme, o espectador tende a odiar ou gostar de maneira parcial.
O jeito é assistir ao Prometheus sem criar expectativa no Alien – O 8º passageiro porque caso contrário o espectador poderá se decepcionar ou ter dificuldade em aceitar a obra de Ridley.

* Contêm Spoilers*

Logo ao terminar o filme, o espectador pode experimentar uma sensação de incompletude e insatisfação porque esperava que a personagem Meredith Vickers fosse melhor explorada já que quem a interpreta é ninguém menos que Charlize Theron. Em meados de janeiro, o papel estava sendo cotado entre Angelina Jolie e Charlize. Por conta dessa “disputa”, a impressão que se transmitia durante o filme era de que a personagem se mostraria densa e contrastante. Não apenas a Diretora da Missão foi trazida como uma mera ilustração como também grande parte do elenco. A posição e o peso do estereótipo das personagens dentro da obra causa o efeito de afastamento entre personagens e público. As únicas que mantiveram o mínimo de proximidade foram, obviamente, Elizabeth Shaw e David, o androide. Pois ambas demonstram ter algo mais a revelar, mesmo que David seja muito mais interessante do que a própria protagonista. Fato que não é de se estranhar já que toda boa história necessita de um ótimo coadjuvante para sustentar o protagonista.

A abordagem das ideias existenciais também não foram bem desenvolvidas para segurar o público, intelectualmente falando. Porém, nota-se que muitos pontos são levantados, como é de se esperar em um prelúdio, Prometheus é a parte de um todo. Então antes de chegar a uma conclusão irredutível é preciso lembrar que haverá o Prometheus 2, logo, espera-se que algumas questões levantadas em Prometheus sejam desenvolvidas. Quando se tem Damon Lindelof no roteiro, o fechamento da trama pode se transformar numa surpresa (negativa), se levado em consideração o rumo que seu trabalho de maior sucesso, Lost, tomou, e a ineficácia flagrante em sua conclusão.

Prometheus