Por Magno Martins
Após ter feito diversos curtas de sucesso que conquistaram o público, Charles Chaplin pode mostrar seu talento e, finalmente, em 1914, lançou o seu primeiro longa metragem, intitulado Tillie’s Punctured Romance, conhecido no Brasil como O Casamento de Carlitos. Para quem não sabe, este filme foi adaptado de uma peça de teatro muito famosa na época e é considerado o primeiro longa metragem mudo americano, dirigido por Mack Sennett, nos estúdios Keystone.
No decorrer da produção de seus curtas, Chaplin conseguiu cativar o “vagabundo” como um ser que luta contra as dificuldades da vida, com boa dose de humor, algo totalmente diferente do que os estúdios Keystone estavam produzindo antes de descobrirem Charlie Chaplin. O sucesso foi instantâneo; o talento de Charlie já era reconhecido em peças de teatros antes que ele conhecesse e se apaixonasse pelo Cinema. É até engraçado parar para pensar que o primeiro longa-metragem de Charlie Chaplin foi produzido através de uma peça de teatro. Para alguns pode ser pura coincidência, já para outros, uma grande sacada do artista.
Neste primeiro filme de longa-metragem, Charlie interpreta o mesmo vagabundo já aclamado, mas de uma forma um pouco diferenciada do que o público estava acostumado a ver: um vagabundo malandro, que deseja vencer na vida de qualquer jeito, custe o que custar. Durante o desenrolar do filme, Carlitos conhece Tillie (Marie Dressler), uma mulher que realmente não preenchia os pré-requisitos de beleza e delicadeza ao olhar de Carlitos, mas, ao perceber que o seu pai, John Banks, possuía bens consideráveis, ele resolve conquistá-la, após muitas atrapalhadas entre os dois Tillie resolve fugir com o seu amado para a cidade e, para isso, rouba todo o dinheiro da família para ter uma vida melhor com Carlitos.
Ao chegarem na cidade, muitas confusões, atrapalhadas e reviravoltas acontecem entre os dois: ciúmes, roubo, traição, prisão, materialismo, oportunismo, reflexões, amizade, enfim, uma extensa cartela de situações e sentimentos que envolvem os três personagens principais do longa metragem: Carlitos, Tillie e Mabel (Mabel Normand). Apesar de ser um filme de comédia, é perceptível que Chaplin explorou muito bem o universo de pessoas mais humildes até as mais ricas e como que essas diferentes pessoas se comportam em um mesmo ambiente. Além do mais, é evidente que Charlie quis mostrar o quanto que o dinheiro pode ser, sim, um grande mal, como que ele pode levar alguns a fazerem loucuras para obter status social.
Ao se arriscar em um projeto totalmente autoral, mais uma vez, Charlie Chaplin mostrou que tinha, e muito, o dom de produzir um longa com muita qualidade e percepção, com boas doses de humor e ironias.
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Não encontramos o trailer, somente o filme na íntegra, veja aqui: