Por Magno Martins

Fotos: Rafaela Antunes

Nada melhor do que participar de um festival tão importante para o audiovisual, em uma cidade histórica. Ouro Preto, por si só, dispensa quaisquer tipos de elogios. Quanta riqueza cultural, quantas pessoas bonitas e educadas, quantas ladeiras… É inspirador passar algumas poucas, mas proveitosas horas neste patrimônio da humanidade, aprendendo com tudo ao redor, absorvendo o que há de melhor no mundo do cinema brasileiro, ao lado de amigos motivados pela 7ª Mostra de Cinema de Ouro Preto – CineOP.

Mesmo em um inverno rigoroso, o festival atraiu pessoas de diversos locais do Brasil (talvez algumas do mundo) com uma programação vasta que preencheu os horários entre os dias 20 e 25 de junho. Mesmo com a greve da UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto, o evento não foi tão prejudicado. Oficinas, Seminários, Mostras e diversas outras atividades tiveram públicos consideráveis, mostrando, mais uma vez, a importância do festival na inclusão cultural do cinema brasileiro.

Começamos nossa cobertura do evento com a Mostra Horizonte – Sessão de Curtas. Cinco curtas-metragens tiveram espaço para exibição ao público, com a presença de seus respectivos diretores para contar um pouco a respeito das ideias acerca de suas obras, oferecendo aos presentes no Cine Teatro novas visões e perspectivas de suas produções.  O curta -documentário Pirapora, dirigido por Charles Bicalho, mostra a dependência da população do rio São Francisco. Em seguida, o A Mortalha da Morte defende a ideia de que “A Liberdade depende de quanto a gente pode pagar por ela” com uma fotografia preto e branco, de Jefferson Assunção.  O incrível curta de animação Pentimentos revela um colecionador de caixas com suas lembranças de um amor não correspondido, dirigido por Maria Antônia Dinelli Azevedo e Fabiano Santos Bomfim. O diretor Joel Pizzini levou ao festival o seu curta-metragem Elogio da Graça, que é um filmensaio narrado pelo ponto de vista de Maria Graça, contando sua aventura no pantanal brasileiro. Para finalizar, o Invisíveis (Anderson Fregolente), conta a história destacando o lado underground de uma megalópole.

Depois dessas exibições, nos deslocamos para a Praça Tiradentes, ponto central de Ouro Preto, onde uma nova sessão estava para começar. O Mostra Curtas na Praça começou muito bem com o curta-documentário, Os Barbeiros, dirigido por Luiz Ferraz e Guilherme Aguilar. Nele, foi feito um registro de diversas histórias de barbeiros que ainda persistem em suas profissões, relatando, emocionalmente, que a atividade tão comum em décadas passadas, hoje, está quase dizimada. Já o De Outros Carnavais, de Paulo Miranda, conta uma história de amor e de encontros e desencontros entre Janice e Pídaro durante vários anos, no período do carnaval. O curta mostrou a diferença entre as percepções de amor masculino e feminino.  Já o Guerra no Brasil, dirigido por Ionaldo Araújo, chamou a atenção por relatar histórias de esposas de militantes no período da Ditadura Militar, como que elas foram torturadas e como lidam com as marcas internas e externas destes anos na história do Brasil. Para finalizar, o curta Jaçanã e o Adoniran (Rogério Nunes), relata a história de um bairro com seu trem, que deu título a uma das músicas brasileiras mais famosas, O Trem das Onze.

O melhor do CineOP ficou para o final, com a pré-estreia de Vou Rifar Meu Coração. Dirigido por Ana Rieper, o longa- metragem lotou o espaço do festival na Praça Tiradentes. Com a abordagem da influência da música romântica brasileira, ou brega, como alguns definem, o filme mostrou a relação de muitas pessoas com o estilo musical; por vezes baseando suas vidas nos sucesso de cantores românticos como Aguinaldo Timóteo, Wando, Amado Batista, entre outros. O filme entreteu bastante o público com as histórias relatadas, fazendo-os, a cada cena, ir do riso ao choro.

Para fechar a noite de sábado, a banda Balão Vermelho garantiu a diversão do público no Galpão Bar Show, tocando covers clássicos do Barão Vermelho, agradando públicos de diferentes faixas etárias.

A 7ª Mostra de Cinema de Ouro Preto – CineOP foi um sucesso entre o público que teve a oportunidade de participar de suas atividades. Nós, do Cinemascope, conseguimos cobrir apenas um dia de evento, que pode oferecer distintas perspectivas da produção audiovisual brasileira.

Nos vemos na próxima edição.

#cinemaalemdoscliches