“Como você sabe que sou louca? – perguntou Alice

“Você deve ser”- respondeu o Gato – “Se não, não estaria aqui”

Por Lívia Fioretti

Alice no País das Maravilhas dos estúdios Disney é considerada a mais clássica adaptação das obras de Lewis Carroll para as telonas, servindo de base para comparação com qualquer outra versão criada posteriormente. Os livros “Alice no País das Maravilhas” e “Alice do Outro Lado do Espelho”, nos quais o filme é baseado, fizeram parte da vida de Walt Disney desde sua infância, sendo o projeto um grande desejo do cineasta desde o inicio de sua carreira.

O filme leva a jovem Alice para o mundo do buraco do Coelho Branco: um universo surrealista e fantástico onde gatos desaparecem, lebres possuem horários apertados e tudo é comandando por cartas de baralho. A menina entra na energia no lugar e bebe poções que a encolhem ou a fazem crescer incontrolavelmente, e ela não se importa. Pelo menos até a Rainha de Copas aparecer cortando a cabeça do que estiver em seu caminho.

Alice no País das Maravilhas

Eu, particularmente, não sou muito fã de números musicais, mas deste não dá para reclamar: os diálogos são inteligentíssimos (até demais para a compreensão de jovens criancinhas), o desenho é impecável, mesmo alguns personagens tendo um acabamento mais suave. Hoje, em 2014, não percebemos, mas o trabalho de arte é excepcional para os padrões de 1951, principalmente a cena da dança das Cartas.

O décimo terceiro clássico das animações Disney foi lançado nos EUA e na Inglaterra em 26 de Julho de 1951, não sendo muito bem recebido pelo público, que acreditava não ser um filme livre para todos os públicos graças à temática (eu diria graças às loucuras da governante, mas tudo bem). Se não bastasse, o trabalho da diretora de arte do filme, Mary Blair, e a associação antiga da obra de Lewis Carroll com o mundo das drogas fizeram a animação ser rotulada depois de anos como um filme “cult e cabeça” entre a nova geração.  Os estúdios Disney resistiram ao máximo contra esta tendência até que em 1974 o filme foi relançado e promovido em sintonia ao movimento psicodélico.

“Seria tão bom se alguma coisa faria sentido para variar”, observou Alice, que se tornou um dos principais e mais cativantes personagens da Disney, com sua coragem e inocência, antagônicos que andam perfeitamente alinhados para conquistar o coração de famílias ao redor do mundo inteiro, afinal, “Somos todos loucos”, como diria o Gato.

Você não sabia que…

– A música tema, homônima ao filme, se tornou referencia no mundo do Jazz.

– O filme foi mal recebido pelos fãs de Lewis Carroll e pela crítica inglesa, que acusou Walt Disney de ter americanizado uma peça importante da literatura britânica.

– Disney adaptou a história pela primeira vez aos 21 anos, resultando em curtas que deram origem a uma série: The Alice Comedies.

– A personagem foi inspirada em Alice Pleasance Liddell, uma menininha de 7 anos que era amiga de Lewis Carroll quando este tinha…bem….31 anos.

Veja o trailer: