Por Wallacy Silva

Injustiçado. Foi o que muitos pensaram de Christopher Nolan ao ver que seu nome não figurava entre os indicados ao Oscar de melhor diretor por A Origem. Ele teve que se “contentar” com as oito indicações da produção, dentre elas a de melhor roteiro original e melhor filme, além de categorias técnicas. Mas a ausência do nome de Nolan na categoria direção deixou a crítica com um pé atrás em relação ao filme. A pergunta que se faz é: se a categoria filme fosse disputada com apenas cinco indicados, ao invés dos atuais dez, A Origem estaria entre eles?

Dom Cobb (DiCaprio) trabalha em uma empresa ilegal de espionagem, roubando ideias ou outras informações quaisquer das mentes das pessoas, penetrando no subconsciente delas através de seus sonhos. Atrelado ao trabalho, vive viajando e sonha em poder voltar pra casa e ficar com seus filhos. Para tal, ele recebe um desafio: ao invés de roubar uma informação, ele deve implantá-la na mente de um jovem, filho de um grande empresário. Caso consiga, Dom terá carta branca para voltar pra casa. Diante da oportunidade, ele reúne um time com diversos profissionais, os melhores em cada área, para planejar a inserção, penetrando o mais fundo possível na mente humana.

Roteiro ousado, não se espera menos de Nolan. Basta lembrarmos Amnésia (Memento), filme cronologicamente do avesso, pra perceber que o diretor faz de tudo para sair do lugar comum. Tanto Amnésia quanto A Origem são condenados por serem confusos demais, e talvez realmente o sejam. Mas vale a pena o esforço ou um pouco mais de atenção.

Sem grandes atuações, o filme aposta nas cenas de ação e no universo criado por Nolan. A ficção apresenta-se extremamente coerente e brinca com uma série de sensações que temos relacionadas aos sonhos. O fato dos sonhos serem atemporais, por exemplo, ou a sensação de queda que normalmente temos no primeiro estágio do sono e nos faz acordar, assim como acordamos quando, no sonho, morremos. Todos os fatores são estudados e levados em consideração pela tecnologia que é a protagonista do filme, permitindo que os personagens penetrem nos sonhos alheios.

O espectador, em vários momentos do longa, deve ter vontade de soltar aquele “mas que mentira!”. E realmente é mentira! Ou melhor, são os sonhos, o que nos dá uma infinitude de possibilidades. Para retratar esse universo em que tudo é possível, o diretor usa e abusa dos efeitos especiais. Não foram à toa as indicações ao Oscar nas categorias Direção de Arte, Efeitos Visuais ou Fotografia. Já a trilha sonora, que também pleiteia ao prêmio, é uma reedição da parceria Nolan-Zimmer, que deu certo nos filmes da série Batman.

O filme carrega consigo uma grande metáfora: a do próprio cinema. Ariadne (Ellen Page), é a “arquiteta de sonhos”, desempenhando nada mais do que o papel do diretor, que tem a liberdade para criar e nos fazer viver o que ele quiser. Infelizmente, o arquiteto de A Origem ficou de fora da corrida pelo Oscar. Em suma, o filme tem grandes chances nas categorias técnicas, mas ganhar o Oscar de Melhor Filme não passa de um sonho, muito difícil de se tornar realidade.

 

Cinemascope---A-Origem-PosterA Origem (Inception)

Ano: 2010.

Diretor: Christopher Nolan.

Roteiro:

Elenco Principal: Leonardo DiCaprio, Ken Watanabe, Michael Caine, Marion Cotillard,Ellen Page, 

Gênero: Ficção Científica.

Nacionalidade: EUA/Reino Unido.

 

 

 

Veja o trailer:

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