Por Sttela Vasco

Transformar a vida de alguém em filme é tão comum quanto difícil. Tentar se manter fiel à história e, ao mesmo tempo, deixá-la instigante para o espectador é um desafio encarado pelas cinebiografias. Nessa levada, chegou a vez de Stephen Hawking ter sua trajetória contada pela sétima arte.  Com direção de  James Marsh, A Teoria de Tudo faz jus ao físico e nos presenteia com uma envolvente história de amor e superação.

O longa traz um jovem Hawking (Eddie Redmayne), que está no auge de sua vida acadêmica e iniciando um romance com a jovem Jane Wilde (Felicity Jones), quando descobre ter uma doença motora degenerativa aos 21 anos. A partir disso, Stephen e Jane têm seu amor testado por algo que, até então, era considerado uma sentença de morte a quem recebia o diagnóstico.

Não haveria ator melhor para interpretar Hawking do que Eddie. Ele fez por merecer todos os méritos que vem recebendo por sua incrível interpretação, que vai muito além das características físicas – muito bem incorporadas, por sinal. Redmayne nos permite conhecer Stephen muito além do físico, humanizando-o ao ponto de fazer com que o espectador se sinta íntimo do personagem. Ele consegue transmitir os sentimentos e emoções de Stephen sem precisar de grandes diálogos, mas por meio de gestos sutis e olhares. Esse, aliás, é um dos trunfos do longa. Apesar de ocorrerem em grande quantidade, A Teoria tem seus verdadeiros ápices em conversas breves ou até mesmo palavras. Uma das cenas mais tocantes, por exemplo, tem como principal fala um “obrigado”.

Felicity Jones também merece destaque ao compor uma Jane forte e determinada que não se deixa abalar pelo avanço da doença ou pelas previsões negativas dos médicos e enfrenta tudo e todos para mostrar que Stephen poderia ter uma vida normal. Ela e Eddie funcionam bem e convencem no papel do jovem casal, emocionando o público com sutilezas. O casamento de Stephen e Jane e a forma como ambos lutaram para construir sua família apesar das adversidades é contado em uma sequência de cenas curtas, porém, cheia de detalhes. A impressão que se tem é que estamos acompanhando um vídeo caseiro que mostra a história de ambos.

O filme é realista e não tenta amenizar as dificuldades enfrentadas pelos dois, mas busca mostrar que, ao contrário do que se pensa, a vida não se resume aos problemas ou a uma doença e é possível ver positividade mesmo nas situações mais negativas. Pode-se dizer que A Teoria de Tudo é um filme sobre a vida e também sobre o amor e a superação. Não se trata de contar a história de Stephen Hawking, mas sim mostrar como a força de vontade de uma mulher o ajudou a não desistir e se superar.

A figura conhecida pelo público e suas maiores conquistas são parte integrante da narrativa, mas não seu centro. Não se trata de expor na grande tela a história de alguém notável, mas de mostrar como duas pessoas conseguiram construir uma relação firme e duradoura – foram quase 30 anos de casamento – apesar de todas as adversidades. Antes de ser um filme sobre Stephen Hawking, A Teoria de Tudo é um filme sobre o ser humano em si e como é possível superar a si mesmo diariamente.

Destaque também para a ótima trilha sonora de Johann Johannson, que conduz com brilhantismo a história e é facilmente uma das melhores do ano. O roteiro, no entanto, corre em determinados momentos e chega a deixar algumas pontas soltas, mas nada que prejudique de maneira extrema as sequências. O longa entrega o que promete e encanta o espectador, apresentando-o ao homem por trás do gênio e a mulher que o ajudou a chegar lá.

Cinemascope - A teoria de tudo pôsterA Teoria de Tudo (The Theory of Everything)

Ano: 2015

Direção: James Marsh

Roteiro: Anthony McCarten

Elenco Principal: Eddie Redmayne, Felicity Jones, David Thewlis.

Gênero: Drama, Biografia

Nacionalidade: Reino Unido

 

 

 

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