Por Wallacy Silva

Duas crianças brigam em um parque, e uma delas acaba agredindo a outra com um pedaço de pau. Isso faz com que os pais do “agressor”, Nancy (Kate Winslet) e Alan (Christoph Waltz), sejam recebidos pelos pais do “agredido”, Penelope (Jodie Foster) e Michael (John C. Reilly) para uma conversa sobre o ocorrido. Mas o encontro no apartamento dos Longstreet acaba ultrapassando os níveis do “socialmente aceito” e tornando-se uma guerra tão ou mais fora de propósito do que a briga entre os filhos dos casais.

A história não convence. A situação é completamente embaraçosa e não tinha potencial pra durar mais do que 10 minutos. Por que o casal visitante aceitaria permanecer no apartamento de pessoas que não conhece, sendo que eles estavam completamente desconfortáveis?  O início do filme é morno, com uma série de diálogos dignos de quem não tem o que dizer e só quer fazer o tempo correr. No decorrer do filme os diálogos vão ficando mais complexos e descontrolados, os personagens acabam por discutir os próprios relacionamentos, seus papéis como pais, comprar a briga dos filhos e jogar na cara um dos outros os podres de suas próprias personalidades.

O figurino e as pequenas ações de cada personagem são, junto com as atuações, as sustentações do filme de Polanski. Os modelos mais escuros e sociais do casal Nancy e Alan revelam que eles provavelmente dedicam muito tempo ao trabalho, não dando a atenção necessária à educação do filho. Aliás, isso fica mais claro ainda quando Alan começa a atender o celular por diversas vezes durante o filme. Já Penelope tem uma preocupação excessiva em se mostrar uma boa mãe, boa anfitriã, preocupada com causas sociais na África, mas revela-se extremamente egoísta quando vê que sua sala foi suja depois da “indisposição” de Nancy. Quando vai para outros cômodos mostrar o banheiro pro Alan, vai arrumando uma coisa aqui, guardando outra ali, sempre preocupada com a imagem que pode passar para os visitantes.

A intenção do filme seria mostrar a passagem dos personagens de um ambiente de civilidade para um ambiente de selvageria, onde eles, sem pudor, mostram quem realmente são e passam a agir pelos seus instintos. Aparentemente ele consegue, mas tudo que a “rebeldia” deles alcança é tacar um celular dentro de um vaso de flores ou jogar uma bolsa pro alto. Sem falar que essa mudança de atitude se dá em grande parte por causa do álcool, já que eles começam a beber durante o filme. No fechamento, uma espécie de epílogo, vemos as crianças brincando juntas novamente no parque, e percebemos como elas estão à frente dos seus próprios pais, pois facilmente se entenderam. Como a enorme discussão entre os casais foi (obviamente) inútil e sem nenhum fundamento. E como o pouco mais de uma hora de filme que se passou não funciona, e depende da ótima performance do oscarizado elenco.

Cinemascope - O deus da carnificina - PosterDeus da carnificina (Carnage)

Ano: 2011

Diretor: Roman Polanski.

Roteiro: Roman Polanski e Yasmina Reza, baseado na peça da última, “Le Dieu Du Carnage”.

Elenco Principal: Jodie Foster, Kate Winslet, Christoph Waltz, John C. Reilly.

Gênero: Comédia.

Nacionalidade: França/Alemanha/Polônia/Espanha

 

 

 

Veja o trailer:

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